Sistema Solar

Partindo do Sol, passamos por Mercúrio, Vênus, Terra e chegamos ao quarto e último planeta rochoso do Sistema Solar. Ele é um dos mais fáceis de serem localizados no céu noturno, pois aparece como um brilhante ponto vermelho, e é por isso que foi batizado pelos antigos romanos com o nome de seu deus da guerra, pois a aparência avermelhada fazia lembrar o sangue.

Outras civilizações também criaram apelidos inspirados no mesmo atributo de cor - por exemplo, os egípcios chamavam-lhe Her Desher, que significa "o vermelho". Ainda hoje, nós lhe atribuímos o cognome Planeta Vermelho.

As principais características de Marte e de sua dinâmica no Sistema Solar são:

• Completa uma rotação em torno de seu eixo a cada 24,6 horas, sendo este o dia marciano, também chamado de sol (abreviatura de solar day), cuja duração é bem aproximada à do dia na Terra (23,9 horas). A translação completa ao redor do Sol (1 ano marciano) leva 687 dias terrestres, o que corresponde a 669,6 sois.
• O eixo de rotação tem uma inclinação de 25 graus em relação ao plano da órbita em torno do Sol, outra semelhança com nosso planeta, cuja inclinação é de 23,4 graus. Principalmente por isso, Marte também tem estações climáticas distintas, embora sua periodicidade não seja tão uniforme como aqui na Terra. Lá, as estações são de duração variável e mais longas, devido à maior distância do Sol e à sua órbita característica, em formato de ovo.
• A primavera no hemisfério norte (outono no hemisfério sul) é a estação mais longa, durando 194 sois, e o outono no mesmo hemisfério (primavera no sul) é a mais curta, com 142. O inverno do norte (verão no sul) dura 154, e o verão do norte (inverno no sul) é de 178 sois.
• Atualmente, não há um campo magnético global. Entretanto, no hemisfério sul, áreas da crosta estão altamente magnetizadas, indicando vestígios de um campo magnético de 4 bilhões de anos atrás.
• Tem aproximadamente metade do tamanho da Terra (≈ 6.780 km de diâmetro equatorial) e está, em média, a 228 milhões de quilômetros do Sol, o que equivale a 1,5 unidades astronômicas* (UA - unidade muito usada na determinação de distâncias no âmbito do Sistema Solar). A luz solar leva 13 minutos para chegar até lá.

Embora alguns ainda nutram a esperança, os cientistas em geral não acham que vão encontrar vida fluindo atualmente em Marte, um mundo muito frio e desértico. Por isso, o foco está na procura por sinais de formas de vida que tenham existido muito tempo atrás, quando o planeta tinha um clima mais temperado e úmido (bem mais quente do que hoje), com redes de rios e lagos.

Na superfície, hoje em dia seca, há minerais e rochas que só poderiam ter se formado em água líquida, e algumas características sugerem que, há cerca de 3,5 bilhões de anos, ocorreram grandes inundações.

Marte não é hospitaleiro à presença de humanos, mas é o planeta do Sistema Solar mais explorado presencialmente, por satélites e robôs. O último enviado pela NASA é o rover Perseverance, que lá está desde 2021, pesquisando e coletando amostras no leito da Cratera Jezero, uma região que já foi um lago. O principal objetivo é a busca por sinais de vida microbiana antiga.

Na verdade, ainda há água em Marte, atualmente, só que ela está congelada nas regiões polares, logo abaixo da superfície. Além disso, de tempos em tempos, escorre água salgada por algumas encostas e paredes de crateras.

Como parte do processo que gerou o Sistema Solar, a concentração de matéria em determinada região fez com que a gravidade puxasse o gás e a poeira em redemoinho, formando assim o Planeta Vermelho, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Tal como os outros planetas rochosos, Marte tem um núcleo central, um manto rochoso e uma crosta sólida.

O denso núcleo, feito de ferro, níquel e enxofre, tem um raio entre 1.500 e 2.100 quilômetros. À sua volta, o manto rochoso tem entre 1.240 e 1.880 quilômetros e, acima, está a crosta, com 10 a 50 quilômetros de profundidade, formada de ferro, magnésio, alumínio, cálcio e potássio.

Na verdade, o Planeta Vermelho tem muitas cores. A superfície exibe variadas tonalidades de marrom e dourado. O aspecto global avermelhado deve-se à oxidação do ferro nas rochas, no solo e na poeira suspensa. O pó, lançado à atmosfera, é a principal razão para a aparência, ao longe, predominantemente vermelha.

Embora Marte seja bem menor do que a Terra (cerca de metade do diâmetro), sua superfície tem quase a mesma área que a dos solos secos de nosso planeta. Os vulcões, crateras de impacto, o movimento da crosta e as condições atmosféricas, com suas tempestades de poeira, alteraram a paisagem ao longo de muitos anos, criando algumas das características topográficas mais interessantes do Sistema Solar.

A rala atmosfera de Marte é composta, principalmente, por dióxido de carbono, nitrogênio e argônio. Esta escassa camada não oferece grandes proteções contra impactos de asteroides, cometas e meteoritos.

Por ser muito fina, permite que o calor do Sol escape com facilidade. As mais altas temperaturas chegam à ordem dos 20 graus Celsius, podendo cair, dependendo do local e horário, para até 153 graus negativos.

Na superfície, se você estiver de pé na região do equador, ao meio-dia, poderá sentir a primavera a seus pés (≈ 24 graus Celsius) e o inverno em sua cabeça (0 graus Celsius).

Ocasionalmente, os ventos são suficientemente fortes para criar tempestades de poeira que cobrem grande parte do planeta. Depois delas, podem passar meses até que toda a poeira se assente.

Marte tem duas luas em sua órbita, Fobos e Deimos, nomes herdados dos dois lendários cavalos que puxavam a carruagem de Ares, o deus grego da guerra. Elas são, provavelmente, asteroides que foram capturados pela força gravitacional do planeta, e têm formato de "batata", porque não possuem massa suficiente para que a gravidade as torne esféricas.

A maior e mais interna é Fobos, que tem muitas crateras e profundos sulcos em sua superfície. Ela está se movendo lentamente na direção de Marte, e com ele deve se chocar, daqui a cerca de 50 milhões de anos.

Deimos tem aproximadamente metade do tamanho de Fobos, e sua órbita é 2,5 vezes mais distante da superfície. Ela tem uma forma estranha e é coberta por terra solta que preenche grande parte das crateras, fazendo com que a superfície pareça mais suave que a de Fobos.