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Sistema Solar



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Júpiter


Nomeado como o rei dos antigos deuses romanos, ele é o quinto planeta a partir do Sol e, de longe, o maior do Sistema Solar, tendo mais do que o dobro da massa de todos os outros juntos. Se a Terra fosse do tamanho de uma moeda, Júpiter teria as dimensões de uma bola de basquete; com um raio de 69.911 quilômetros, ele é 11 vezes mais largo do que nosso planeta.


Júpiter

Tipo: gigante gasoso
Diâmetro equatorial: ≈ 142.984 km
Distância média ao Sol: 5,2 UA
(1 UA = distância média da Terra ao Sol)
Dia: 9,93 horas
Ano: 11,86 anos terrestres
Luas: mais de 80

[Imagem: NASA's Solar System Exploration: Jupiter]



Tamanhos Terra e Júpiter

Comparação entre as dimensões da Terra e de Júpiter.

Este gigante gasoso está a uma distância média de 778 milhões de quilômetros do Sol, o que corresponde a 5,2 unidades astronômicas. Uma unidade astronômica (1 UA) é a distância média entre o Sol e a Terra, equivalente a 149,6 milhões de quilômetros. A luz solar demora 43 minutos para chegar até Júpiter.

Sistema Solar
Júpiter é o quinto planeta a partir do Sol. Neste esquema do Sistema Solar, as distâncias estão em escala correta, mas a representação dos planetas é apenas posicional, sem escala de tamanho. [Créditos: NASA/Moore Boeck]

O dia joviano (= jupiteriano) é o mais curto do Sistema Solar, durando apenas 10 horas terrestres. Este é o tempo que Júpiter leva para completar uma rotação em torno dele mesmo. Por outro lado, em relação ao nosso, o ano é longo, mesmo porque ele está muito mais distante do Sol: uma translação completa equivale a 12 anos na Terra.

O eixo de rotação tem uma inclinação de apenas 3 graus em relação ao plano da órbita ao redor do Sol. Isto significa uma posição quase vertical e, assim, não se verificam estações climáticas tão diferenciadas e regulares como em outros planetas.

Marcas registradas em uma visão global de Júpiter, as faixas e redemoinhos são nuvens frias e ventosas de amoníaco e água, que flutuam numa atmosfera de hidrogênio e hélio. A icônica Grande Mancha Vermelha é uma tempestade gigante, maior do que a Terra, que tem se manifestado durante centenas de anos.


Tempestade em Júpiter
As imagens da montagem acima foram obtidas pela sonda Juno. Trata-se de uma gigantesca tempestade ativa há centenas de anos no hemisfério sul de Júpiter, cobrindo uma extensão de aproximadamente 8.000 km. [Imagens: Gerald Eichstädt e Sean Doran (Lic. CC BY-NC-SA) - baseada em imagens de NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS]

Júpiter também tem um sistema de anéis, descoberto pela espaçonave Voyager 1, da NASA. Porém, diferentemente dos famosos anéis de Saturno, eles são feitos de poeira, e não gelo, e são partículas bem pequenas e escuras, muito difíceis de serem vistas, a não ser quando iluminadas pelo Sol.


Júpiter se aproximando
Sequência de imagens da Voyager 1, obtidas no decorrer de sua aproximação de Júpiter. São visíveis a movimentação das nuvens e, em destaque, a dinâmica circular da Grande Mancha. [Créditos: NASA, via Wikimedia Commons.]


Anéis de Júpiter
Sistema de anéis de Júpiter.

Dados obtidos pela sonda Galileu sugerem que os anéis de Júpiter são formados por poeira expelida pelos meteoroides interplanetários que se chocam nas pequenas luas interiores do planeta.


Formação e estrutura

Júpiter se formou há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, de modo semelhante a outros planetas, ou seja, a partir do acúmulo de gás e poeira, em virtude da força gravitacional, dentro do enorme disco que deu origem ao Sistema Solar.

Este imenso planeta ficou com a maior parte da massa que sobrou após a formação do Sol. Ele se estabeleceu na posição atual há cerca de 4 bilhões de anos e, de fato, tem os mesmos ingredientes que uma estrela, com predominância de hidrogênio e hélio, mas não se tornou maciço o suficiente para se inflamar.

Sendo um gigante gasoso, ele não tem uma superfície verdadeira. O planeta é quase que totalmente um turbilhão de gases e líquidos. As naves espaciais que tentam chegar lá não têm onde aterrar e, além disso, são todas derretidas e vaporizadas pelas extremas temperaturas e pressões, ao tentarem penetrar as profundezas da atmosfera. Por aquelas bandas, a pressão e a temperatura aumentam, comprimindo o hidrogênio em líquido e formando, assim, o maior oceano do Sistema Solar (de hidrogênio em vez de água).

Os cientistas acham que, em profundidades talvez a meio caminho do centro do planeta, a pressão torna-se tão grande que os elétrons dos átomos de hidrogênio são espremidos, tornando o líquido um condutor de eletricidade, como se fosse um metal. Imagina-se que o rápido movimento de rotação de Júpiter conduz a corrente elétrica dessa região, dando origem ao poderoso campo magnético joviano.

Quanto ao núcleo, ainda não se sabe se ele é feito de material sólido ou se é uma sopa espessa, superquente e muito densa. Lá embaixo, com a presença majoritária de ferro e minerais de silicato (semelhantes ao quartzo), as temperaturas devem estar na casa dos 50.000 graus Celsius.

Atmosfera

O planeta tem, provavelmente, três camadas distintas de nuvens em sua atmosfera, as quais, em conjunto, se estendem por cerca de 71 quilômetros. A nuvem superior deve ser feita de gelo de amoníaco, e a camada intermediária, de cristais de hidrossulfeto de amônio. A camada mais interna pode ser composta por gelo e vapor d'água.

As cores vivas que se vêem em faixas espessas ao longo do planeta podem ser plumas de gases contendo enxofre e fósforo que se elevam do interior mais quente. A rápida rotação de Júpiter - que gira uma vez em cada 10 horas - cria fortes correntes, jatos que bombardeiam suas nuvens e as separam em cinturas escuras e zonas mais brilhantes, ambas cobrindo grandes extensões.

Sem uma superfície sólida para freá-las, as nuvens podem persistir durante muitos anos. Elas formam grandes tempestades no planeta, que é varrido por mais de uma dúzia de ventos dominantes, alguns atingindo até cerca de 540 quilômetros por hora, nas regiões do equador.

Já falamos sobre a Grande Mancha Vermelha, um redemoinho oval de nuvens maior do que a Terra, cuja presença tem sido observada no planeta gigante há mais de 300 anos. Mais recentemente, três ovais menores fundiram-se para formar a Pequena Mancha Vermelha, com cerca de metade do tamanho de sua prima maior.

Resultados obtidos pela sonda Juno, da NASA, divulgados em outubro de 2021, fornecem um quadro mais completo do que se passa por baixo dessas nuvens. Os dados mostram que os ciclones são mais quentes na parte superior, com densidades atmosféricas mais baixas, e mais frios por baixo, em áreas de densidades mais altas. Ao contrário, os anticiclones, que giram na direção oposta, são mais frios no topo e mais quentes na base.

As descobertas também indicam que essas tempestades são muito mais altas do que o esperado. Algumas estendem-se mais de 100 quilômetros abaixo do topo das nuvens e outras, inclusive a Grande Mancha Vermelha, por mais de 350 quilômetros. Isto demonstra que os vórtices cobrem regiões abaixo daquelas onde a água se condensa e as nuvens se formam, ou seja, além da profundidade onde a luz solar ainda aquece a atmosfera.

Duas passagens da Juno sobre a mancha mais famosa de Júpiter proporcionaram a possibilidade de medição da força gravitacional da tempestade e complementação de outros resultados. Esses dados permitiram o cálculo de sua profundidade: cerca de 500 quilômetros abaixo do topo das nuvens.

Júpiter é conhecido por seus distintos cinturões e zonas intermediárias - faixas brancas e avermelhadas de nuvens que envolvem o planeta e fortes ventos leste-oeste, movendo-se em direções opostas, que separam as faixas.

A Juno descobriu que esses ventos atingem profundidades de aproximadamente 3.200 quilômetros. Os cientistas ainda tentam resolver o mistério de como se formam os jatos. Dados da Juno fornecem uma pista: o gás amoníaco da atmosfera viaja para cima e para baixo, em um notável alinhamento com as correntes observadas.

Os resultados das observações também demonstram que os cinturões e as zonas passam por uma transição a cerca de 65 quilômetros abaixo das nuvens de água. A pouca profundidade, os cinturões são mais brilhantes à luz de micro-ondas do que as zonas vizinhas. Em níveis mais profundos, dá-se o contrário - o que revela uma semelhança com nossos oceanos.


Grande Mancha Vermelha
Uma comparação aproximada entre os tamanhos da Terra e da Grande Mancha Vermelha de Júpiter. [Créditos: dados de imagens da Juno: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS; imagens Juno processadas por Kevin M. Gill (CC BY); imagem da Terra: NASA]




Sonda Juno
Concepção artística da sonda Juno, cuja principal meta é fornecer elementos para uma melhor compreensão da origem e evolução de Júpiter. [Créditos: NASA/JPL-Caltech]


Ciclones polares

A sonda da NASA também descobriu disposições poligonais de tempestades ciclônicas gigantes em ambos os polos de Júpiter - oito dispostas em um padrão octogonal no norte e cinco em padrão pentagonal no sul. Ao longo do tempo, os cientistas da missão determinaram que esses fenômenos atmosféricos são extremamente resistentes, mantendo-se sempre na mesma região.

Tal como ocorre com os furacões na Terra, os ciclones adjacentes tendem a se deslocar para os polos, mas os ciclones localizados no centro de cada polo empurram-nos para trás. Isso mantém um equilíbrio que explica a manutenção do local onde residem as tempestades e seus diferentes números em cada polo.


Magnetosfera

A magnetosfera joviana é a região do espaço influenciada pelo poderoso campo magnético de Júpiter. Ela é um balão de 1 a 3 milhões de quilômetros em direção ao Sol (7 a 21 vezes o diâmetro do próprio planeta) e afunila-se numa cauda em forma de girino que se estende por mais de 1 bilhão de quilômetros na direção oposta, até a órbita de Saturno.

Este imenso campo magnético é de 16 a 54 vezes mais forte que o da Terra, girando junto com o planeta e varrendo as partículas que têm carga elétrica. Perto do gigante, ele aprisiona enxames de partículas carregadas e as acelera até energias muito elevadas, criando uma intensa radiação que bombardeia as luas mais interiores e pode danificar naves espaciais.

O campo magnético joviano também provoca algumas das auroras mais espetaculares do Sistema Solar, nos polos do planeta.

Luas e potencial para a vida

Presume-se que Júpiter não é favorável à existência da vida como conhecemos, devido às altíssimas temperaturas e pressões, bem como aos próprios materiais que constituem o planeta. Neste ambiente, é muito improvável que organismos vivos possam se adaptar..

No entanto, o gigante pode ser considerado como o centro de um sistema planetário à parte. Além de sua constituição semelhante à de uma estrela (só não se encandesce por não ter massa suficiente), há pelo menos 80 luas orbitando ao seu redor, algumas com características típicas de planetas e com possibilidades de abrigarem vida.

São cinquenta e sete luas com nomes atribuídos oficialmente pela União Astronômica Internacional, mas estimativas indicam que a quantidade deve estar entre 80 e 95. Além delas, asteroides e anéis também compõem o complexo sistema joviano.

As quatro maiores luas - Io, Europa, Ganimedes e Calisto - foram vistas pela primeira vez por Galileu Galilei, usando um telescópio feito por ele mesmo. Por isso elas são chamadas de Satélites de Galileu (ou Galileanos).

Io é o corpo com mais atividade vulcânica ativa do Sistema Solar e Ganimedes, a maior lua (ela é maior que o planeta Mercúrio). Em Calisto, as poucas e pequenas crateras indicam um reduzido grau de atividade na superfície.

Europa é um dos mais prováveis locais para se encontrar vida alienígena dentro de nosso sistema. Há provas da presença de um vasto oceano de água líquida por baixo de sua crosta gelada. Um lugar tentador para se explorar!


Júpiter e suas luas
Composição de imagens da sonda Galileu, mostrando Júpiter e suas quatro maiores luas. A menor delas é Europa, que tem tamanho aproximado ao de nossa Lua, enquanto que Ganimedes é a maior do Sistema Solar, maior até do que o planeta Mercúrio. Na "superfície" de Júpiter, destaca-se a Grande Mancha Vermelha. [Imagem: NASA.]


★ Edição: Mauro Mauler - atualizada em 05/11/2023.

★ Referência:

Lua Europa
A lua Europa, coberta por gelo na superfície, pode abrigar vida no oceano escondido logo abaixo. [Imagem: NASA's Solar System Exploration: Europa]



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