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Existe água em Marte?

Marte


18/08/2024

Estudo científico, baseado em dados da sonda InSight, sugere a existência de um grande volume de água no subsolo marciano.


Há evidências de que, mais de 3 bilhões de anos atrás, o Planeta Vermelho exibia uma paisagem completamente diferente, em relação aos dias atuais: grandes volumes de água enchiam oceanos, rios e lagos, tais como o que havia na Cratera Jezero, onde o rover Perseverance, da NASA, realiza pesquisas em busca de vestígios de vida antiga.


Lago Jezero
Representação artística do Lago Jezero, como deve ter sido há bilhões de anos. [Imagem: NASA]

Atualmente, a superfície é seca. A convicção vigente tem sido a de que a maior parte da água escapou para o espaço, foi sequestrada pelo subsolo ou ficou congelada nas regiões polares. Além disso, de tempos em tempos, escorre água salgada por algumas encostas e paredes de crateras.

Até pouco tempo atrás, acreditava-se que mesmo a água do subsolo estaria congelada. Entretanto, uma novo estudo, usando dados coletados pela sonda InSight, da NASA, indica a possibilidade de haver água líquida na crosta média do planeta, em profundidades de ∼ 11,5 a 20 km.

A InSight Lander, de 2018 a 2022, explorou Marte profundamente (crosta, manto e núcleo), obtendo dados a partir da detecção de ondas sísmicas (ondas energéticas transmitidas a partir de movimentos vibratórios de partículas de rocha).


Sonda InSight
Ilustração mostrando a sonda InSight com seus instrumentos
posicionados na superfície de Marte. [Imagem: NASA/JPL-Caltech]


Camadas de Marte
Concepção artística representando um corte ao meio de Marte e mostrando as trajetórias de ondas sísmicas detectadas pela InSight em 2021. [Créditos: NASA/JPL-Caltech/University of Maryland]



Sonda InSight
Esquema de parte da sonda InSight, com destaque para o sismógrafo e a "toupeira". [Imagem: NASA/JPL-Caltech/DLR]


Ondas sísmicas em Marte
Simulação de ondas sísmicas trnsitando através de diferentes camadas do interior marciano. [Imagem: NASA/JPL-Caltech/ETH Zurich/Van Driel, domínio público, via Wikimedia Commons]

Sem entrar em maiores detalhes técnicos, os pesquisadores Vashan Wright, Matthias Morzfeld e Michael Manga, da Universidade da Califórnia, fizeram cálculos usando esses dados e concluíram que a melhor explicação para os mesmos é uma crosta média composta de rochas ígneas fraturadas e saturadas com água líquida.

E não se trata de pouca quantidade, muito pelo contrário: considerando representativa a posição da InSight (perto do equador, em uma planície chamada Elysium Planitiae), a extensão da área explorada e o nível de porosidade encontrado, estima-se que, em 10 km de crosta, temos o equivalente a uma altura de 1 a 2 km de água líquida.

Isto permite a projeção, para o planeta como um todo, de um volume total maior até do que o estimado para os antigos oceanos, contrariando a proposição de que Marte tenha perdido a maior parte de sua água por escape atmosférico.

A metodologia, baseada na captação de ondas sísmicas, é semelhante à usada aqui na Terra, na exploração de água, petróleo e gás natural. O artigo científico foi publicado no jornal PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences) em 12 de agosto de 2024, com o título Liquid water in the Martian mid-crust (Água líquida na crosta média marciana).


★ Referências:

★ Edição: Mauro Mauler - atualizada em 18/08/2024.



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