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Categoria: FÍSICA

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PHILIPP EDUARD ANTON VON LENARD

"Por seu trabalho com raios catódicos."

Philipp Lenard

Os raios catódicos são uma forma de radiação emitida quando uma voltagem é aplicada entre duas placas metálicas em um tubo de vidro contendo gás em baixa pressão.

Estudos realizados no final do século XIX sobre esses raios culminaram em importantes descobertas científicas, como os elétrons e os raios X.

A partir de 1893, o físico Philipp Lenard (1862-1947), nascido em Pressburg, atual Bratislava (capital da Eslováquia), realizou experimentos pioneiros com os raios catódicos.

Lenard adaptou o tubo de vidro tradicional, incorporando uma fina moldura de alumínio, que ficou conhecida como a "janela de Lenard". Essa inovação permitiu que a radiação fosse analisada fora do tubo, levando à conclusão de que ela não tinha natureza eletromagnética.


Janela de Lenard
[Imagem: VectorVoyager, CC0, via Wikimedia Commons]

Por suas contribuições científicas, Lenard foi laureado com o Prêmio Nobel de Física em 1905. Contudo, seu reconhecimento gerou controvérsias. Alguns historiadores argumentam que ele buscava de forma obstinada o crédito por descobertas além de sua real contribuição, recorrendo, inclusive, a influências políticas.

Infelizmente, um aspecto sombrio de sua trajetória é sua associação ao Partido Nacional Socialista de Hitler. Lenard foi um defensor fervoroso do regime nazista, conhecido por seus ataques a Albert Einstein e outros cientistas em diversos países.

Apesar de suas posições ideológicas condenáveis, Lenard foi inegavelmente um pesquisador brilhante, cujas descobertas tiveram impacto significativo no avanço da ciência.


Televisor antigo

Aparelhos de televisão e computadores antigos exibiam imagens formadas em tubos de raios catódicos (CRT - cathode ray tube), os quais deixaram de ser usados quando foram substituídos por telas LCD (liquid crystal display ou display de cristal líquido). [Imagem: Traced by User:Stannered, CC-BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons]


A vida de Phillip Lenard

Philipp Eduard Anton von Lenard nasceu em 7 de junho de 1862, em Pressburg, na Áustria-Hungria (atual Bratislava, Eslováquia). Sua família tinha origens no Tirol.

Ele estudou Física em diversas universidades, incluindo Budapeste, Viena, Berlim e Heidelberg, onde foi aluno de destacados cientistas como Bunsen, Helmholtz, Königsberger e Quincke. Concluiu seu doutorado em 1886, em Heidelberg.

A partir de 1892, Lenard trabalhou como Privatdozent (um título acadêmico alemão equivalente à livre-docência) e assistente de Heinrich Hertz na Universidade de Bonn. Em 1894, foi nomeado professor extraordinário na Universidade de Breslau (atual Wrocław, Polônia).

Posteriormente, ocupou posições importantes: foi professor de Física em Aix-la-Chapelle (1895), professor de Física Teórica em Heidelberg (1896) e novamente professor extraordinário na Universidade de Kiel (1898).

Seu primeiro trabalho foi na área de Mecânica, analisando oscilações e quedas de gotas d'água. Em 1894, publicou um estudo sobre os princípios da mecânica, baseado nos legados de Heinrich Hertz.

Lenard demonstrava um fascínio peculiar por fenômenos relacionados à luz e à luminescência, interesse que surgiu ainda na infância. Ele e colegas aqueciam cristais de flúor para observá-los tornarem-se luminescentes. Mais tarde, retomou essas pesquisas com o astrônomo W. Wolf, investigando a luminescência do ácido pirogálico quando misturado a álcali e bissulfito, um processo usado para revelar fotografias. Lenard concluiu que a luminescência resultava da oxidação do ácido pirogálico.

Durante esse período, também conduziu estudos sobre o magnetismo em bismuto e, em parceria com V. Klatt, explorou substâncias autoluminosas, como o sulfeto de cálcio. Eles descobriram que esse material, quando previamente iluminado, emitia luz apenas na presença de traços de metais pesados como cobre e bismuto, que influenciavam a cor, intensidade e duração da luminescência.

Em 1888, enquanto trabalhava em Heidelberg, Lenard iniciou estudos sobre raios catódicos. Influenciado por Hertz, investigou se esses raios, assim como a radiação ultravioleta, poderiam atravessar uma janela de quartzo em tubos de descarga. Constatou que não podiam. Mais tarde, em 1892, Hertz mostrou-lhe que raios catódicos podiam tornar luminoso um vidro de urânio recoberto com papel alumínio. Lenard expandiu essa ideia, realizando experimentos que levaram à criação da "janela de Lenard", uma placa de alumínio fina o suficiente para permitir a passagem de raios catódicos, mas capaz de manter o vácuo no tubo.

Essa inovação permitiu o estudo detalhado dos raios catódicos e da fluorescência causada por eles fora do tubo. Lenard descobriu que os raios se propagavam pelo ar por cerca de um decímetro e, no vácuo, por vários metros sem enfraquecer. Embora inicialmente seguisse a ideia de Hertz de que os raios catódicos se propagavam no éter, abandonou essa visão após os estudos de Jean Perrin, J.J. Thomson e Wilhelm Wien, que demonstraram a natureza corpuscular dos raios.

Lenard também contribuiu para o estudo do efeito fotoelétrico, mostrando que luz ultravioleta podia ejetar elétrons de metais. Ele demonstrou que o número de elétrons emitidos era proporcional à energia da luz incidente, mas que sua velocidade dependia apenas do comprimento de onda da luz. Essas observações não foram explicadas até 1905, quando Einstein propôs a teoria dos quanta de luz. Lenard ressentiu-se de Einstein por essa descoberta.

Em 1902, demonstrou que os elétrons precisam de uma energia mínima para ionizar um gás. Ele também desenvolveu uma célula fotoelétrica, precursora da lâmpada de três eletrodos, essencial para a tecnologia radioelétrica.

Lenard elaborou um modelo atômico em 1903, descrevendo os átomos como compostos por "dinamidas" - pequenas partículas separadas por vastos espaços. Essa ideia influenciou a teoria eletrônica de Lorentz. Mais tarde, investigou a origem das linhas espectrais, mostrando que elas estavam relacionadas a mudanças no número de elétrons nos átomos.

Entre suas principais publicações destacam-se os livros: Ueber Aether und Materie (2ª edição, 1911), Quantitatives über Kathodenstrahlen (1918), Ueber das Relativitätsprinzip (1918) e Grosse Naturforscher (2ª edição, 1930).

Apesar de ser um experimentalista brilhante, Lenard era controverso como teórico. Recebeu diversas honrarias, como doutoramentos honorários e prêmios científicos, mas sentia-se subestimado. Isso talvez explique sua crítica a outros físicos e sua filiação ao Partido Nacional-Socialista, que o nomeou Chefe da Física Ariana.

Philipp Lenard, casado com Katharina Schlehner, faleceu em 20 de maio de 1947, em Messelhausen, Alemanha, aos 84 anos.


★ Edição: Mauro Mauler - Artigo originalmente publicado em 26/07/2024; revisto e atualizado em 22/01/2025.
★ Baseado em conteúdos traduzidos e adaptados de:
 Philipp Lenard - Facts. NobelPrize.org. Nobel Prize Outreach.
 Philipp Lenard - Biographical. NobelPrize.org. Nobel Prize Outreach.
 (Último acesso em 22/01/2025)


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