Ganhadores do Prêmio Nobel

O ar ao nosso redor consiste em vários gases diferentes, sendo a maior parte composta por nitrogênio e oxigênio. Lord Rayleigh (1842-1919), matemático e físico inglês, desenvolveu métodos inovadores para estudar as propriedades dos gases atmosféricos.

Durante suas pesquisas, ele comparou o nitrogênio extraído do ar com o nitrogênio obtido de compostos químicos. Para sua surpresa, descobriu que o nitrogênio do ar era mais pesado. Essa diferença levou Rayleigh a concluir que o ar continha alguma outra substância desconhecida até então.

Em 1894, junto com Sir William Ramsay, ele conseguiu isolar esse elemento misterioso: o argônio, em sua forma pura. A partir daí, foi possível analisar suas propriedades com precisão.

Pela relevância de seus resultados e pela contribuição ao entendimento dos gases atmosféricos, Lord Rayleigh foi laureado com o Prêmio Nobel de Física em 1904.

John William Strutt, terceiro Barão Rayleigh, nasceu em 12 de novembro de 1842, em Langford Grove, Maldon, Essex (Inglaterra). Era filho de John James Strutt, o segundo Barão, e Clara Elizabeth La Touche, filha mais velha do Capitão Richard Vicars, R. E.

Popularmente chamado de Lord Rayleigh, ele foi um dos poucos membros da alta nobreza que ganhou fama como um cientista excepcional. Na infância e juventude, era fisicamente frágil, e sua educação foi repetidamente interrompida por problemas de saúde. As perspectivas de atingir a maturidade pareciam precárias.

Após um curto período em Eton, aos dez anos, que passou principalmente no sanatório da escola, estudou três anos em uma escola particular em Wimbledon, seguido de outra curta estadia em Harrow. Finalmente, passou quatro anos sob a orientação do Rev. George Townsend Warner (1857), que recebia alunos em Torquay.

Em 1861, ingressou no Trinity College, em Cambridge, onde começou a estudar matemática. A princípio, não alcançou o mesmo desempenho dos melhores de seus contemporâneos, mas suas habilidades excepcionais logo se manifestaram, permitindo-lhe superar os concorrentes. Formou-se no Mathematical Tripos em 1865, como Senior Wrangler e Smith's Prizeman. Em 1866, ganhou uma bolsa de estudos na Trinity, que manteve até 1871, ano de seu casamento.

Uma severa crise de febre reumática, em 1872, o fez passar o inverno no Egito e na Grécia. Pouco depois de seu retorno, seu pai faleceu (1873) e ele o sucedeu no baronato, firmando residência na sede da família, Terling Place, em Witham, Essex. Nesse momento, ele se via compelido a dedicar parte do tempo a cuidar de suas propriedades (7.000 acres). A combinação de perspicácia e conhecimento científico geral com a prática de agricultura tornou sua administração, em muitos aspectos, à frente de seu tempo. No entanto, em 1876, deixou toda a gestão das terras para seu irmão mais novo.

Daí em diante, pôde devotar tempo integral à ciência. Em 1879, foi nomeado para suceder James Clerk Maxwell como Professor de Física Experimental e Diretor do Laboratório Cavendish, em Cambridge. Em 1884, deixou Cambridge para continuar seus trabalhos experimentais em sua casa de campo, em Terling, Essex. Entre 1887 e 1905, foi professor de Filosofia Natural na Royal Institution of Great Britain, sucedendo Tyndall.

Exerceu por seis anos a função de presidente de um Comitê Governamental sobre Explosivos e, de 1896 a 1919, foi Conselheiro Científico da Trinity House. Ele também foi Lorde Tenente de Essex de 1892 a 1901.

As primeiras pesquisas de Lord Rayleigh foram principalmente matemáticas, sobre óptica e sistemas vibratórios. No entanto, seu trabalho posterior abrangeu quase todo o campo da física, incluindo som, teoria das ondas, visão de cores, eletrodinâmica, eletromagnetismo, espalhamento de luz, fluxo de líquidos, hidrodinâmica, densidade de gases, viscosidade, capilaridade, elasticidade e fotografia. Seus experimentos pacientes e delicados levaram ao estabelecimento dos padrões de resistência, corrente e força eletromotriz. Em seguida, concentrou-se em problemas elétricos e magnéticos.

Ele era um excelente professor e, sob sua supervisão ativa, concebeu-se um sistema de instrução prática em Física Experimental em Cambridge, que evoluiu de uma classe de cinco ou seis alunos para uma escola avançada com cerca de setenta físicos experimentais.

Sua Teoria do Som foi publicada em dois volumes, entre 1877 e 1878, e outros estudos extensivos estão relatados em seus Artigos Científicos - seis volumes publicados entre 1889 e 1920. Ele também contribuiu com conteúdos para a Enciclopédia Britânica.

Tinha um ótimo senso de estilo literário. Cada artigo que escreveu, mesmo sobre os assuntos mais complicados, é um modelo de clareza e simplicidade de dicção. Os 446 artigos reimpressos em suas obras coletadas mostram claramente sua capacidade de entender tudo um pouco mais profundamente do que qualquer outra pessoa.

Embora fosse membro da Câmara dos Lordes, ele intervinha nos debates apenas em raras ocasiões, nunca permitindo que a política interferisse na atividade científica. Suas recreações incluíam viagens, tênis, fotografia e música.

Ex-chanceler da Universidade de Cambridge, foi Juiz de Paz e recebeu títulos honorários em Ciências e Direito. Foi membro da Royal Society (1873), onde serviu como Secretário de 1885 a 1896 e Presidente de 1905 a 1908, além de ser um dos primeiros ganhadores da Ordem do Mérito (1902). Recebeu as Medalhas Copley, Royal e Rumford da Royal Society e, é claro, o Prêmio Nobel de 1904.

Casou-se em 1871 com Evelyn, irmã do futuro Primeiro-Ministro, o Conde de Balfour, e filha de James Maitland Balfour e sua esposa Blanche, esta última filha do segundo Marquês de Salisbury. Strutt e Evelyn tiveram três filhos, o mais velho dos quais se tornou professor de Física no Imperial College of Science and Technology, em Londres.

John William Strutt, amplamente conhecido como Lord Rayleigh, faleceu em 30 de junho de 1919, em Witham, Essex, aos 76 anos, deixando um legado imensurável para a ciência.