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História

Ganhadores do Prêmio Nobel

Categorias: Física e Química

Medalha Prêmio Nobel

Alfred Nobel (1833-1896), criador do prêmio que leva seu nome, em imagem estilizada parecida com a medalha concedida aos laureados. [Imagem: domínio público, via Wikimedia Commons]

Assinatura de Alfred Nobel
(Assinatura de Alfred Nobel)

Quando o homem de negócios, inventor e empreendedor Alfred Nobel faleceu, em 1896, deixou um testamento declarando que sua fortuna deveria ser usada para recompensar anualmente "aqueles que, durante o ano anterior, tivessem conferido o maior benefício à humanidade".

Após sua morte, teve início um longo processo para que essa determinação fosse concretizada. Descontados impostos e legados a indivíduos, 94% dos ativos - no valor de 31.225.000 coroas suecas, então equivalentes a 1.687.837 libras esterlinas - foram convertidos e utilizados como capital inicial para a criação da Fundação Nobel (nobelprize.org), principal administradora financeira do prêmio.

Assim, o Prêmio Nobel passou a homenagear esforços excepcionais nas áreas com as quais Alfred mais se envolveu ao longo da vida: Física, Química, Fisiologia ou Medicina, Literatura e Paz.

Os primeiros laureados (ganhadores do prêmio) foram anunciados em 1901. Desde então, investimentos vêm sendo realizados com o objetivo de garantir o equilíbrio financeiro necessário para a manutenção do evento anual até os dias de hoje.

Em 1969, uma nova categoria foi acrescentada: Ciências Econômicas. A iniciativa visava não apenas celebrar o centenário do Banco Central da Suécia, mas também prestar uma homenagem ao espírito empreendedor de Alfred Nobel.

Os laureados de todas as categorias são anunciados no mês de outubro e apresentados na cerimônia de premiação, realizada no dia 10 de dezembro. O prêmio individual consiste em uma medalha, um diploma e um montante em dinheiro, que no último ano (2024) alcançou 11 milhões de coroas suecas - o equivalente a mais de 5,5 milhões de reais.

Nesta seção, apresentamos as informações essenciais sobre aquela que é considerada a mais importante honraria concedida nas áreas das ciências, humanidades e esforços pela paz. Também estamos publicando uma série de artigos sobre as vidas e contribuições de todos os laureados nas categorias de Física e Química, duas áreas fundamentais para a evolução da Cosmologia.

Para acessá-los, clique nos links logo após o quadro "Prêmios Nobel em Números". Mas antes, que tal saber um pouco mais sobre o prêmio e, também, sobre a vida de seu criador? Continue lendo...

Prêmios Nobel em números

(todas as categorias)

Número de prêmios = 627

Número de laureados = 1012

Concedidos a um ganhador = 360

Divididos por dois = 149

Divididos por três = 118

(dados do período 1901-2024)

Um Prêmio Nobel pode ser dividido para duas obras, quando as duas são consideradas merecedoras. Além disso, se uma obra tiver sido produzida por duas ou três pessoas, o prêmio lhes será concedido em conjunto. Em nenhuma hipótese pode haver a divisão entre mais de três pessoas.


Todos os laureados...


Símbolo da Física Seta direita
em Física

Símbolo da Química Seta direita
em Química



Gestores do Prêmio Nobel

Quem escolhe e como são escolhidos os ganhadores?


Logotipo da Fundação Nobel

Logotipo da Fundação Nobel (Nobel Foundation), gestora principal do Prêmio Nobel. [Imagem: domínio público, via Wikimedia Commons]

A gestão e administração central do Prêmio Nobel são responsabilidade da Fundação Nobel (nobelprize.org), mas a escolha dos laureados é descentralizada e confiada a quatro entidades especializadas, além de um grande número de personalidades influentes.

Todos os anos, milhares de professores universitários, pesquisadores, membros de academias científicas, ganhadores anteriores, parlamentares e outras figuras relevantes são convidados a apresentar indicações para os prêmios do ano seguinte.

Os critérios para seleção dessas pessoas visam garantir uma representatividade ampla de países e instituições de ensino superior ao longo do tempo.

Depois que as indicações são recebidas, comitês ligados às quatro instituições responsáveis por cada categoria do prêmio analisam os nomes sugeridos e selecionam os laureados. São elas:


Albert Einstein

Albert Einstein em sua palestra de laureado pelo Prêmio Nobel de 1921, proferida para a Assembleia Nórdica de Naturalistas, em Gotemburgo, Suécia. [Foto: Anders Wilhelm Karnell, domínio público, via nobelprize.org]



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O criador

A vida de Alfred Nobel

Alfred Bernhard Nobel nasceu em Estocolmo, capital da Suécia, em 21 de outubro de 1833, filho de Immanuel Nobel e Andriette Ahlsell Nobel. Seu pai era engenheiro e inventor - construiu pontes, edifícios e experimentou diferentes métodos para detonar rochas. No entanto, ainda em 1833, seus negócios faliram.

Em 1837, Immanuel decidiu tentar a sorte em outro lugar e partiu para a Finlândia. De lá, seguiu para a Rússia, chegando a São Petersburgo em 1838, onde montou uma oficina mecânica. Andriette permaneceu em Estocolmo cuidando de Alfred e de seus dois filhos mais velhos, Robert (nascido em 1829) e Ludvig (1831). Proveniente de uma família rica, ela abriu uma mercearia que, embora proporcionasse um retorno modesto, ajudava a sustentar a casa.

Com o tempo, os esforços de Immanuel começaram a dar frutos. Ele firmou um contrato com um general russo interessado em seus projetos de minas marítimas e terrestres. Fornecendo equipamentos ao exército, a oficina prosperou, transformando-se em uma grande empresa de engenharia mecânica.

Immanuel convenceu o czar russo e seus generais de que minas navais poderiam ser usadas para impedir o avanço de navios inimigos. De fato, durante a Guerra da Crimeia (1853-1856), essas minas impediram que a Marinha Real Britânica se aproximasse das defesas de São Petersburgo.

Com a prosperidade do negócio, toda a família se mudou para São Petersburgo em 1842. No ano seguinte, Andriette deu à luz o quarto filho, Emil. Os irmãos Nobel receberam uma educação de excelência com tutores particulares, estudando ciências naturais, línguas e literatura.

Alfred Nobel
[Foto: Gösta Florman (1831-1900), domínio público, via Wikimedia Commons]

Immanuel Nobel
Pintura representando Immanuel Nobel, pai de Alfred, ao demonstrar suas minas marítimas e navais para o czar da Rússia. [Imagem: sem especificação de autor, via nobelprize.org]

Com apenas 17 anos, Alfred já dominava cinco idiomas: sueco, russo, francês, inglês e alemão. Seus maiores interesses eram a Literatura, a Química e a Física. Seu pai, no entanto, queria que os filhos seguissem a carreira da engenharia e não aprovava a inclinação de Alfred pela poesia. Para desviar seu interesse, enviou-o ao exterior para estudar Engenharia Química.

Em Paris, Alfred trabalhou e estudou no laboratório do renomado químico Professor T. J. Pelouze. Lá, conheceu Ascanio Sobrero, jovem químico italiano que, três anos antes, havia inventado a nitroglicerina (ou "óleo de detonação") - um líquido altamente explosivo, considerado instável demais para ter aplicação prática.

Apesar disso, Alfred ficou fascinado com o potencial da substância e passou a estudar formas de torná-la útil na construção civil. De volta à Rússia, trabalhou com seu pai no desenvolvimento de técnicas para tornar a nitroglicerina mais segura e comercialmente viável.

Após o fim da Guerra da Crimeia, os contratos militares cessaram e os negócios da família decaíram. Em 1863, Immanuel retornou à Suécia com Andriette e Alfred. Robert e Ludvig permaneceram na Rússia tentando salvar os empreendimentos familiares. Foram bem-sucedidos e posteriormente desempenharam papel importante na indústria petrolífera da região sul do país.

Na Suécia, Alfred intensificou suas pesquisas com a nitroglicerina. Infelizmente, seus experimentos causaram acidentes fatais - entre as vítimas estava seu irmão mais novo, Emil, que morreu durante uma explosão em Heleneborg, Estocolmo. Como consequência, o governo proibiu esse tipo de experimento dentro da cidade.

Ainda assim, Alfred não desistiu. Instalou seu laboratório em uma barcaça no Lago Mälaren, onde pôde continuar suas pesquisas. Em 1864, conseguiu iniciar a produção em massa de nitroglicerina e, ao mesmo tempo, buscava aditivos que tornassem seu uso mais seguro. Em 1865, aprimorou o design do detonador, mudou-se para a Alemanha e fundou a fábrica Alfred Nobel & Co em Krümmel, próxima a Hamburgo - que acabou destruída no ano seguinte por uma violenta explosão.

Barcaça de Alfred Nobel
A barcaça do Lago Mälaren, onde Alfred Nobel passou a realizar suas experiências com nitroglicerina, após vários acidentes fatais em Estocolmo. [Imagem: sem especificação de autor, via nobelprize.org]

A invenção da dinamite

Em uma jangada ancorada no rio Elba, Alfred Nobel seguia tentando estabilizar a nitroglicerina. Durante seus experimentos, descobriu que misturá-la com uma areia fina chamada kieselguhr (um depósito silicioso conhecido como terra diatomácea) resultava em uma pasta mais estável, moldável em barras que podiam ser inseridas em furos de perfuração.

Ele patenteou a invenção em 1867, na Suécia, chamando-a de dinamite, nome derivado do grego dynamis, que significa "poder".

A partir de então, a dinamite - juntamente com as espoletas detonantes - passou a ser amplamente utilizada na construção civil. Com o sucesso comercial, Alfred Nobel fundou fábricas em cerca de 90 locais diferentes. Nessa fase de sua vida, morava em Paris, mas viajava constantemente por mais de 20 países.

Ganhou a alcunha de "o vagabundo mais rico da Europa", pois trabalhava intensamente em Estocolmo (Suécia), Hamburgo (Alemanha), Ardeer (Escócia), Paris e Sevran (França), Karlskoga (Suécia) e San Remo (Itália). Além disso, também realizou experimentos com borracha sintética, couro e seda artificial. Ao longo da vida, registrou 355 patentes.

Dinamite

A - Material absorvente poroso misturado à nitroglicerina.

B - Capa cilíndrica que envolve o material explosivo.

C - Ponta do detonador.

D - Cabo elétrico ligado à ponta do detonador.


O testamento

Testamento de Alfred Nobel
Foto: Prolineserver (talk) Document: Alfred Nobel, domínio público, via Wikimedia Commons

Alfred Bernhard Nobel faleceu em San Remo, Itália, em 10 de dezembro de 1896, aos 63 anos. Solteiro e sem filhos, deixou em seu testamento a maior parte da fortuna destinada à criação de prêmios anuais para aqueles que tivessem contribuído de forma notável para a humanidade nos campos da Física, Química, Fisiologia ou Medicina, Literatura e Paz. (A categoria de Ciências Econômicas seria instituída posteriormente - ver nota introdutória nesta página.)

Apesar da nobreza do gesto, a decisão gerou controvérsias. O testamento foi contestado por familiares e questionado por autoridades de diversos países. Os executores levaram quatro anos para viabilizar legalmente a fundação que daria origem aos prêmios.

Assim, somente em 1901 foram entregues os primeiros Prêmios Nobel: em Estocolmo, nas categorias de Física, Química, Fisiologia ou Medicina e Literatura; e em Kristiania (atual Oslo, Noruega), na categoria Paz.


★ Edição: Mauro Mauler - Artigo publicado em 12/04/2025.
★ Baseado em conteúdos traduzidos e adaptados de:
 nobelprize.org: The man behind the prize - Alfred Nobel.
 Alfred Nobel's life and work. NobelPrize.org. Nobel Prize Outreach 2025.
 (último acesso: 11/04/2025)



Página publicada originalmente em 25/07/2024;
Última revisão e atualização: 12/04/2025.
Edição: Mauro Mauler

Referência: nobelprize.org




Assinatura de Alfred Nobel