Sistema Solar

Este mundo escuro, frio e açoitado por ventos supersônicos é o oitavo e mais longínquo planeta de nosso Sistema Solar; um gigante de gelo, 30 vezes mais distante do Sol do que a Terra, sendo o único planeta do sistema que não é visível a olho nu.

Algumas vezes, ele fica ainda mais distante do Sol do que o planeta anão Plutão, cuja excêntrica órbita, de formato oval, o leva para dentro da órbita de Netuno durante 20 anos, a cada 248 anos terrestres. A última vez que isso ocorreu foi de 1979 a 1999.

Apesar do cruzamento entre as órbitas, Plutão jamais poderá colidir com Netuno, pois enquanto este dá três voltas em torno do Sol, o planeta anão dá duas, em um sincronismo quase perfeito que impede a aproximação entre os dois.

Netuno foi o primeiro planeta cuja existência foi deduzida inicialmente através de cálculos matemáticos. Quando o astrônomo alemão Johann Galle conseguiu observá-lo pela primeira vez, em 1846, ele usou coordenadas fornecidas pelo matemático e astrônomo francês Urbain Le Verrier. Este, inclusive, foi quem sugeriu o nome do deus romano dos mares.

Com um raio de 24.622 quilômetros, Netuno é quatro vezes mais largo do que a Terra, sendo o quarto maior planeta do Sistema Solar, depois de Júpiter, Saturno e Urano.

Este gigante de gelo está a uma distância média de 4,5 bilhões de quilômetros do Sol, o que corresponde a 30 unidades astronômicas. Uma unidade astronômica (abreviada por UA), é a distância média do Sol à Terra. A luz solar demora 4 horas para chegar até Netuno. Ele está tão longe que, se estivéssemos lá ao meio-dia, o que veríamos seria um tênue crepúsculo. A luz que nos ilumina aqui na Terra é 900 vezes mais brilhante do que no Planeta Azul.

Um dia em Netuno, ou seja, o tempo que ele leva para completar uma rotação em torno de seu próprio eixo, dura 16 horas. O ano é absurdamente longo: em 2011, ele fez seu primeiro aniversário desde que foi descoberto, em 1846, completando uma única volta em torno do Sol (1 ano netuniano). Enquanto isso, aqui na Terra, passaram-se 165 anos.

O eixo de rotação está inclinado 28 graus, em relação ao plano da órbita, o que é semelhante às inclinações axiais de Marte e da Terra. Isto significa que também há estações climáticas em Netuno, assim como em nosso planeta. No entanto, como o ano é muito longo, cada uma das quatro estações dura mais de 40 anos.

Pelo que conhecemos até o momento, Netuno tem pelo menos 5 anéis principais e quatro arcos de anéis proeminentes. Os cientistas acham que eles são relativamente jovens e de curta duração. Os anéis principais, partindo de perto do planeta em direção ao exterior, são: Galle, Leverrier, Lassell, Arago e Adams.

Os quatro arcos encontram-se localizados no anel mais externo, Adams, e chamam-se Liberté (Liberdade), Egalité (Igualdade), Fraternité (Fraternidade) e Courage (Coragem). Estes arcos são estranhos, pois, de acordo com as leis do movimento, eles deveriam se espalhar uniformemente, e não se manterem agrupados. Atualmente, imagina-se que os efeitos gravitacionais de Galatea, uma lua situada no interior de Adams, são os responsáveis pela estabilização.

Netuno teve sua origem há cerca de 4,5 bilhões de anos, juntamente com o restante do Sistema Solar, a partir do acúmulo de gás e poeira em redemoinho, devido à atração gravitacional. Este gigante de gelo, assim como seu vizinho Urano, também se formou mais próximo do Sol, migrando para o exterior há aproximadamente 4 bilhões de anos.

A maior parte da massa do planeta (80% ou mais) é constituída por um fluido quente e denso de materiais gelados (água, metano e amoníaco), sobre um pequeno núcleo rochoso. Dos planetas gigantes, Netuno é o mais denso, mas, como todos eles, não possui uma superfície sólida.

A atmosfera netuniana é composta principalmente por hidrogênio e hélio, mais uma pequena parte de metano, e estende-se a grandes profundidades, gradualmente se fundindo em água e outras substâncias geladas, sobre o núcleo mais pesado, que tem aproximadamente a mesma massa que a Terra.

O vizinho Urano tem sua cor azul-esverdeada por causa da presença de metano, mas Netuno exibe um azul mais vivo e brilhante, o que indica que deve existir um componente ainda desconhecido, que provoca a cor mais intensa.

Apesar de sua grande distância e baixa entrada de energia solar, Netuno é o planeta mais tempestuoso do Sistema Solar. Os ventos chegam a ser três vezes mais fortes do que em Júpiter e nove vezes mais intensos que os da Terra.

Esses ventos chicoteiam nuvens de metano congelado por todo o planeta, a velocidades superiores a 2.000 quilômetros por hora. Na Terra, as mais poderosas ventanias atingem cerca de 400 quilômetros por hora.

Em 1989, havia uma imensa tempestade de formato oval, no hemisfério sul do planeta, chamada de Grande Mancha Negra, de tamanho suficiente para conter toda a Terra. Depois ela sumiu, mas outras apareceram em diferentes partes do gigante.

Netuno tem um campo magnético cerca de 27 vezes mais poderoso que o da Terra, com um eixo principal inclinado em torno de 47 graus em relação ao seu eixo de rotação. Tal como ocorre com Urano, cuja inclinação é de cerca de 60 graus, a magnetosfera de Netuno sofre grandes variações durante cada rotação, devido a esse desalinhamento.

As temperaturas, pressões e materiais que caracterizam Netuno criam um ambiente por demais hostil para que a vida como conhecemos possa se adaptar.

Netuno tem 14 luas conhecidas. A maior delas, Tritão, foi descoberta em 10 de outubro de 1846 pelo comerciante e astrônomo inglês William Lassell, apenas 17 dias depois de Johann Gottfried Galle ter descoberto o planeta.

Considerando que Netuno é o deus supremo do mar, suas luas receberam nomes de deuses menores, também relacionados aos oceanos, e de ninfas da mitologia grega.

Tritão é a única grande lua do Sistema Solar que tem uma órbita retrógrada, isto é, circula em torno de Netuno em direção oposta à da rotação do planeta. É um mundo extremamente frio, com temperaturas à superfície em torno de 235 graus Celsius negativos.

A nave Voyager 2, passando por essa lua, descobriu gêiseres que expelem material gelado para cima, a mais de oito quilômetros. A fina atmosfera de Tritão, também revelada pela Voyager, foi detectada da Terra várias vezes desde então, e ela está se aquecendo, mas os cientistas ainda não sabem a razão.