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Ganhadores do Prêmio Nobel


Categoria: QUÍMICA

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ALFRED WERNER

"Em reconhecimento ao seu trabalho sobre as ligações de átomos em moléculas, pelo qual ele lançou nova luz sobre investigações anteriores e abriu novos campos de pesquisa, em especial na Química Inorgânica.”


Estereoquimica

Diferentes arranjos espaciais de moléculas. [Fonte: Nobel Lecture - On the constitution and configuration of higher-order compounds - Acesso em 23/08/2024]


Alfred Werner

O mundo ao nosso redor consiste de moléculas, as quais são compostas de átomos. Mapear as ligações e posições dos átomos no espaço é uma das missões fundamentais da Química.

Em 1893, o químico suíço Alfred Werner (1866 - 1919) contribuiu para a compreensão das estruturas moleculares de substâncias inorgânicas - os compostos químicos que não são baseados no elemento carbono.

De acordo com Werner, as forças atrativas não estão conectadas a certas direções, e sim emanam uniformemente do meio do átomo.

Com sua Teoria da Coordenação ou das valências residuais (descobrindo isômeros de muitas substâncias), ele lançou nova luz sobre as estruturas moleculares.

Assim, por suas contribuições à evolução da Estereoquímica (ramificação da Química que estuda as variações tridimensionais das moléculas), ele recebeu o Nobel de Química de 1913, o primeiro a ser concedido por contribuições à Química Inorgânica.


A Vida de Alfred Werner

Alfred Werner nasceu em 12 de dezembro de 1866, em Mülhausen, na Alsácia, que à época ainda estava sob o domínio da França. Era filho de um gerente de fábrica, J. A. Werner, e de sua esposa Jeanne Tesche.

Enquanto ainda estava na escola, em sua cidade natal, ele já demonstrou interesse em Química e fez, quando tinha apenas 18 anos, sua primeira pesquisa independente.

De 1885 a 1886, ele esteve em serviço militar em Karlsruhe e, durante esse período, assistiu às palestras de Engler na Escola Técnica Superior daquela cidade.

Em 1886. também assistiu a palestras na Escola Técnica Federal de Zurique e, em 1889, lá obteve o diploma em Química Técnica. Durante seus estudos, foi muito influenciado pelo professor A. Hantzsch.

Em 1889, ainda na mesma escola, ele foi nomeado Assistente no laboratório do professor Lunge e, então, começou a cooperar com Hantzsch em pesquisas. Em 1890, formou-se na Universidade de Zurique, com uma tese sobre os arranjos espaciais dos átomos em moléculas contendo nitrogênio.

De 1890 a 1891, Werner dedicou-se mais sobre esse assunto e visitou Paris, onde trabalhou com Berthelot no Collège de France. Retornou a Zurique em 1892, como professor na Escola Técnica e, em 1893, foi nomeado Professor Associado da Universidade de Zurique, sucedendo Victor Merz e dando aulas de Química Orgânica.

Tornou-se Professor de Química da Universidade em 1895, com apenas 29 anos, inicialmente dando aulas de Química Orgânica e, a partir de 1902, assumindo também as de Inorgânica.

Werner adquiriu a nacionalidade suíça em 1895 e, embora lhe tenham sido oferecidos cargos em Viena, Basileia e Würzburg, ele recusou todos, preferindo permanecer em Zurique.

O nome de Alfred Werner estará sempre associado à Teoria da Coordenação que ele estabeleceu e a suas pesquisas sobre as relações espaciais dos átomos nas moléculas, cujas bases foram lançadas através do trabalho que fez para sua tese de doutorado, em 1892, quando ele tinha apenas 24 anos.

Neste trabalho, ele formulou a ideia de que, nos numerosos compostos de nitrogênio trivalente, as três ligações são direcionadas para os três cantos de um tetraedro, sendo o quarto canto ocupado pelo próprio átomo de nitrogênio.

Em 1891, Werner publicou um artigo sobre a Teoria da Afinidade e Valência, no qual substituiu a concepção de valência constante de Kekulé, a ideia de que a afinidade é uma força atrativa exercida a partir do centro atômico, atuando uniformemente em direção a todas as partes da superfície do átomo.

Em um artigo sobre compostos minerais, de 1893, ele declarou sua Teoria de Valência Variável, segundo a qual compostos moleculares inorgânicos contêm átomos únicos que agem como núcleos centrais em torno dos quais são arranjados um número definido de outros átomos, radicais ou outras moléculas, em um padrão geométrico simples e espacial.

O número de átomos assim agrupados em torno de um núcleo central foi chamado por Werner de número de coordenação, sendo 3, 4, 6 e 8 os mais importantes, com o número 6, especialmente, ocorrendo com frequência.

Milhares de compostos moleculares correspondem ao número de coordenação 6, e na maioria deles há um átomo central com átomos coordenados nos cantos de um octaedro.

Pelos 20 anos subsequentes, Werner e seus colaboradores estudaram e prepararam novas séries de compostos moleculares e analisaram suas configurações, publicando muitos artigos a respeito, 150 dos quais foram de sua exclusiva autoria.

Por fim, seu trabalho culminou na descoberta de isômeros oticamente ativos dos complexos estudados, cuja existênca já havia sido prevista em sua hipótese.

Mais de 40 séries de complexos oticamente ativos, com simetria octaédrica, foram separadas em formas oticamente ativas, e a configuração espacial desses complexos, para o número de coordenação 6, foi estabelecida tão firmemente quanto a do átomo de carbono tetraédrico de van't Hoff e Le Bel.

Werner também estudou complexos com outros números de coordenação, especialmente o 4, para os quais a forma pode ser tetraédrica ou um quadrado plano.

Em seu relato sobre Werner, publicado em Great Chemists (1961 - editado por Eduard Farber, Interscience, Nova York), Paul Pfeiffer observa que a Teoria da Coordenação se estendeu por todo o espectro da Química Inorgânica sistemática e, também, para a Química Orgânica. Este fato o levou a ser laureado com o Prêmio Nobel de Química de 1913.

Werner era um homem muito sociável, cujas recreações eram bilhar, xadrez e o jogo de cartas suíço chamado Jass. Ele passava suas férias entre as montanhas e viajava muito para participar de reuniões científicas fora da Suíça.

Como palestrante, era um orador convincente e entusiasmado, com um dom para explicações claras de problemas difíceis. Entre seus alunos, estavam homens ilustres como Jantsch, Karrer e Pfeiffer. Valiosos para outros estudiosos foram seus livros Neuere Anschauungen auf dem Gebiete der anorganischen Chemie (Novas ideias em Química Inorgânica) e Lehrbuch der Stereochemie (Livro-texto de Estereoquímica), ambos publicados em 1904.

Em 1894, Werner casou-se com Emma Giesker de Zurique, que era de uma família alemã. Eles tiveram um filho, Alfred, e uma filha, Charlotte. Em 1913, ano em que recebeu o Prêmio Nobel de Química, ele já sofria de arteriosclerose e, em 1915, isto fez com que desistisse de suas palestras gerais sobre Química e, em 1919, de sua cátedra. Ele faleceu em 15 de novembro de 1919, com apenas 53 anos.



Títulos honorários, premiações e outras honrarias

  • Membro correspondente da Royal Society of Sciences de Göttingen da Physico-Medical Society de Erlangen;
  • Doutor honorário pela Universidade de Genebra e membro honorário da Society of Physics and Natural History, na mesma cidade;
  • Membro honorário da Physical Association de Frankfurt/Main, da German Bunsengesellschaft, da Société Vaudoise des Scienes Naturelles em Lausanne e da Chemical Society de Londres.
  • Membro permanente da Imperial Society of Friends of Natural History, Anthropology and Ethnography de Moscou;
  • A França lhe conferiu a Medalha Leblanc da Société Chimique e a distinção de Officier de l'Instruction Publique;
  • Prêmio Nobel de Química de 1913.


★ Edição: Mauro Mauler - atualizada em 22/08/2024.

★ Referências:
 Alfred Werner - Facts. NobelPrize.org. Nobel Prize Outreach AB 2024. Acesso em 22/08/2024.
 Alfred Werner - Biographical. NobelPrize.org. Nobel Prize Outreach AB 2024. Acesso em 22/08/2024.



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