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Ganhadores do Prêmio Nobel


Símbolo da Física

Categoria: FÍSICA

seta esquerda     1903     seta direita

ANTOINE HENRI BECQUEREL,
PIERRE CURIE & MARIE CURIE

A Becquerel, "em reconhecimento pelos serviços extraordinários que prestou com a descoberta da radioatividade espontânea".

Ao casal Curie, "em reconhecimento pelos serviços extraordinários que prestaram com suas pesquisas conjuntas sobre os fenômenos de radiação descobertos pelo Professor Becquerel".

Becquerel, Pierre e Marie Curie

Quando o físico francês Henri Becquerel (1852-1908) investigou os raios X recém-descobertos por Röntgen (Nobel de Física de 1901), isto levou a estudos sobre como os sais de urânio são afetados pela luz.

Por acidente, ele descobriu que os sais de urânio emitem espontaneamente uma radiação penetrante, que pode ser registrada em uma chapa fotográfica.

Estudos posteriores demonstraram que esta não era uma radiação conhecida até então. Não se tratava de raios X. Becquerel havia descoberto a radioatividade (ou radiatividade).

A descoberta de Becquerel inspirou o casal de físicos Marie Curie (1867-1934) e Pierre Curie (1859-1906), ela polonesa e ele francês, a aprofundar as pesquisas sobre o fenômeno. Eles examinaram muitas substâncias e minerais, em busca de sinais de radioatividade, e descobriram que a pechblenda, uma variedade de uraninite da qual se extrai o urânio, é por si só ainda mais radioativa que o próprio urânio.

Por esta razão, deduziram que devia haver outros componentes radioativos na composição do mineral. De fato, Marie e Pierre, trabalhando juntos, conseguiram extrair da pechblenda dois elementos até então desconhecidos, o polônio e o rádio, ambos mais radioativos do que o urânio.

Assim, pelos avanços proporcionados através da descoberta da radioatividade e das propriedades físicas de novos elementos radioativos, os três cientistas foram agraciados com a divisão do Nobel de Física de 1903 (metade para Becquerel, metade para o casal Curie).


Placa radioatividade
Placa de alerta para a presença de radioatividade.


A vida de Becquerel

Antoine Henri Becquerel nasceu em Paris, em 15 de dezembro de 1852, como membro de uma distinta família de estudiosos e cientistas. Seu pai, Alexander Edmond Becquerel, foi professor de Física Aplicada e tinha feito pesquisas sobre a radiação solar e sobre fosforescência, e o avô, Antoine César, foi membro da Royal Society e inventor de um método eletrolítico para extrair metais de minérios.

Becquerel ingressou na Politécnica em 1872, no Departamento Governamental de Ponts-et-Chaussées em 1874, tornando-se engenheiro em 1877 e sendo promovido a engenheiro-chefe em 1894.

Em 1888, obteve o grau de Doutor em Ciências. Ele já ocupava um cargo como Assistente no Museu de História Natural desde 1878, substituindo seu pai na Cátedra de Física Aplicada do Conservatoire des Arts et Metiers. Em 1892, foi nomeado Professor de Física Aplicada no Departamento de História Natural do Museu de Paris e tornou-se professor na Politécnica em 1895.

Os primeiros trabalhos de Becquerel relacionavam-se à polarização plana da luz, aos fenômenos da fosforescência e à absorção da luz pelos cristais (sua tese de doutorado).

Ele também trabalhou no tema do magnetismo terrestre. Por fim, em 1896, todo o seu trabalho anterior foi ofuscado pela descoberta do fenômeno da radioatividade natural.

Após uma discussão com Henri Poincaré sobre a radiação que havia sido recentemente descoberta por Röntgen (os raios X) e que era acompanhada por um tipo de fosforescência no tubo de vácuo, Becquerel decidiu investigar se havia alguma conexão entre os raios X e a fosforescência natural.

Ele herdou de seu pai um suprimento de sais de urânio, que apresentam fosforescência quando expostos à luz, e descobriu que, quando esses sais eram colocados perto de uma placa fotográfica coberta com papel opaco, a placa ficava embaçada.


Urânio e a radioatividade
As marcas impressas na chapa fotográfica, pela exposição ao urânio, que levaram Becquerel a descobrir a radioatividade, posteriormente estudada por Marie e Pierre Curie, que revelaram dois novos elementos radioativos, o polônio e o rádio.



Becquerel constatou que o fenômeno era comum a todos os sais de urânio estudados, concluindo tratar-se de uma propriedade do próprio átomo de urânio. Mais tarde, mostrou que os raios emitidos pelo urânio causavam a ionização de gases e diferiam dos raios X por poderem ser desviados por campos elétricos ou magnéticos.

Por sua descoberta da radioatividade espontânea, Becquerel recebeu metade do Prêmio Nobel de Física em 1903, ficando a outra metade para Pierre e Marie Curie, por seus estudos sobre a radiação de Becquerel.

As descobertas de Becquerel foram publicadas em muitos artigos, principalmente nos Anais de Física e Química e nos Anais da Academia de Ciências. Ele foi eleito membro da Academia de Ciências da França em 1889 e sucedeu Berthelot como Secretário Vitalício daquela organização.

Foi, também, membro da Accademia dei Lincei e da Royal Academy de Berlim, dentre outras. Em 1900, recebeu o título de Oficial da Legião de Honra.

Becquerel foi casado com Mlle. Janin, filha de um engenheiro civil, e eles tiveram um filho, Jean, nascido em 1878, que também se tornou um físico, representando a quarta geração de cientistas da família.

Antoine Henri Becquerel faleceu em Le Croisic, em 25 de agosto de 1908, aos 55 anos.


Henri Becquerel
Henri Becquerel no laboratório, fazendo experimentos com magnetismo. [Foto: domínio público, via Wikimedia Commons]

A vida de Marie Curie

Marie (Sklodowska) Curie nasceu em Varsóvia, Polônia, em 7 de novembro de 1867, e recebeu sua educação básica em escolas locais e algum treinamento científico por parte de seu pai, que era professor de uma escola secundária.

Ela se envolveu em uma organização revolucionária estudantil e achou prudente deixar Varsóvia, naquela época localizada na parte da Polônia dominada pela Rússia, indo para a Cracóvia, que estava sob domínio austríaco.

Em 1891, foi para Paris, para continuar seus estudos na Sorbonne, onde obteve licenciatura em Física e Ciências Matemáticas, e conheceu Pierre Curie, professor da Faculdade de Física, em 1894. No ano seguinte, os dois se casaram.

Marie sucedeu o marido como Chefe do Laboratório de Física na Sorbonne. Ela obteve seu doutorado em 1903 e, após a trágica morte de Pierre, em 1906, assumiu seu lugar como Professora de Física Geral na Faculdade de Ciências, tendo sido esta a primeira vez que uma mulher ocupou o cargo. Ela também foi nomeada Diretora do Laboratório Curie, no Instituto de Rádio da Universidade de Paris, fundado em 1914.

Suas primeiras pesquisas, em parceria com seu marido, muitas vezes foram realizadas em condições difíceis, em arranjos laboratoriais precários, devido à condição financeira. Marie e Pierre tiveram que lecionar muito para ganhar a vida.


Marie e Pierre Curie
O casal Curie trabalhando em laboratório, em 1904. [Foto: autor desconhecido, domínio público, via Wikimedia Commons]

A descoberta da radioatividade por Henri Becquerel, em 1896, inspirou os Curie em suas brilhantes pesquisas, que levaram ao isolamento do polônio (nome dado em homenagem ao país de nascimento de Marie) e do rádio.

Marie Curie desenvolveu métodos para a separação de rádio a partir de resíduos radioativos em quantidades suficientes para permitir sua caracterização e o estudo minucioso de suas propriedades, em particular as terapêuticas.

Ao longo de sua vida, Marie promoveu ativamente o uso do rádio para aliviar o sofrimento de pessoas e, durante a Primeira Guerra Mundial, auxiliada por sua filha Iréne, dedicou-se pessoalmente a esse trabalho.

Ela sempre manteve o entusiasmo pela Ciência e fez de tudo para estabelecer um laboratório de radioatividade em sua cidade natal. Em 1929, o presidente Hoover, dos Estados Unidos, presenteou-a com 50 mil dólares, doados por amigos americanos da Ciência e destinados à compra de rádio para uso no laboratório de Varsóvia.

Mulher discreta, digna e modesta, Marie era tida em alta estima e admiração por cientistas de todo o mundo, e seu trabalho está registrado em vários artigos de periódicos científicos. Ela é autora dos livros Recherches sur les Substances Radioactives (Investigações sobre substâncias radioativas), de 1904, L'Isotopie et les Eléments Isotopes (Isotopia e elementos isotópicos) e do clássico Traité de radioactivité (Tratado sobre radioatividade), publicado em 1910.

A importância do trabalho de Marie Curie está refletida nos inúmeros prêmios a ela concedidos. Com muitos títulos honorários em Ciências, Medicina e Direito, e outros como membro de sociedades científicas do mundo inteiro, ela também recebeu dois Nobéis: o de 1903, juntamente com seu marido e Becquerel, e o de 1911, por suas pesquisas com radioatividade. Em 1921, o presidente Harding, dos Estados Unidos, presenteou-a com um grama de rádio, em reconhecimento à sua enorme contribuição à Ciência.

A filha mais velha dos Curie, Iréne, casou-se com Frederic Joliot em 1926, e eles foram ganhadores conjuntos do Nobel de Química em 1935. A filha mais nova, Eve, casou-se com o diplomata americano H. R. Labouisse. Ambos se interessaram profundamente por problemas sociais.

Labouisse, como Diretor do Fundo das Nações Unidas para a infância, recebeu em seu nome o Prêmio Nobel da Paz em Oslo, em 1965. Eve é autora de uma famosa biografia de sua mãe, intitulada Madame Curie, publicada em 1938, em Gallimard, Paris, e traduzida para vários idiomas.

Marie Curie faleceu em Savoy, na França, após um curto período de doença, em 4 de julho de 1934, aos 66 anos.



Premiações de Marie

  • Medalha Davy (em 1903, com seu marido Pierre);
  • Medalha Matteucci (em 1904, com Pierre);
  • Prêmio Actoniano (1907);
  • Medalha Elliott Cresson (1909);
  • Medalha Franklin (1921);
  • Prêmio Nobel de Física de 1903 (com Becquerel e Pierre);
  • Prêmio Nobel de Química de 1911.

A vida de Pierre Curie

Pierre Curie nasceu em Paris, onde seu pai era um clínico geral, em 15 de maio de 1859. Recebeu sua educação inicial em casa, antes de ingressar na Faculdade de Ciências da Sorbonne.

Obteve sua licenciatura em Física em 1878 e continuou como um demonstrador no laboratório de Física até 1882, quando tornou-se responsável por todo o trabalho prático nas Escolas de Física e Química Industrial da instituição.

Em 1895, conquistou seu Doutorado em Ciências e foi nomeado Professor de Física. Promovido a Professor da Faculdade de Ciências em 1900, tornou-se Professor Titular em 1904.

Em seus primeiros estudos sobre a cristalografia, junto com seu irmão Jacques, Curie descobriu os efeitos piezoelétricos. Mais tarde, propôs teorias de simetria em relação a certos fenômenos físicos e voltou sua atenção para o magnetismo.

Ele demonstrou que as propriedades magnéticas de uma dada substância se alteram a uma determinada temperatura - atualmente conhecida como ponto Curie. Para auxiliar em seus experimentos, construiu vários aparelhos delicados - balanças, eletrômetros, cristais piezoelétricos, etc.

Os estudos de Curie sobre substâncias radioativas foram realizados em parceria com sua esposa Marie, com quem se casou em 1895. Eles trabalharam em condições precárias, em instalações laboratoriais inadequadas e sob o estresse de terem que dar muitas aulas para ganhar a vida.

Em 1898, o casal anunciou a descoberta do rádio e do polônio pelo fracionamento da pechblenda e, mais tarde, dedicaram-se muito à elucidação das propriedades do rádio e seus produtos de transformação.

O trabalho empreendido por Marie e Pierre nessa época formou a base para muitas das pesquisas subsequentes em Física e Química Nuclear. Juntos, eles ganharam metade do Prêmio Nobel de Física em 1903, por conta dos estudos sobre a radiação espontânea descoberta por Becquerel, que ganhou a outra metade.

O legado de Pierre está registrado em inúmeros artigos publicados nos Anais da Academia de Ciências, no Jornal de Física e nos Anais de Física e Química. Ele recebeu a Medalha Davy da Royal Society de Londres em 1903 (junto com Marie) e, em 1905, foi eleito membro da Academia de Ciências.

O nome de solteira de sua esposa era Marie Sklodowska, filha de um professor de escola secundária em Varsóvia, Polônia. Uma de suas filhas, Irene, casou-se com Frederic Joliot e os dois ganharam o Prêmio Nobel de Química de 1935.

A filha mais nova, Eve, casou-se com o diplomata americano H.R. Labouisse. Ambos se interessavam profundamente por problemas sociais e, como Diretor do Fundo das Nações Unidas para a Infância, ele recebeu, em nome da instituição, o Prêmio Nobel da Paz de 1965.

Eve é autora de uma famosa biografia de sua mãe, intitulada Madame Curie (Gallimard, Paris, 1938), que foi traduzida para vários idiomas.

Pierre Curie foi tragicamente morto em um acidente nas ruas de Paris, em 19 de abril de 1906, quando ainda estava com apenas 46 anos.



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LORD RAYLEIGH

Prêmio Nobel de Física - 1904

Pelas investigações das densidades dos gases mais importantes e pela descoberta do argônio.


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