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Categoria: FÍSICA

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WILHELM CONRAD RÖNTGEN

"Em reconhecimento pelos serviços extraordinários que prestou com a descoberta dos notáveis raios que, posteriormente, em sua homenagem, foram nomeados como raios X."

Wilhelm Conrad Röntgen

Em 1895, o físico alemão Wilhelm Röntgen (1845-1923) conduzia estudos sobre a radiação catódica, um fenômeno que ocorre quando uma carga elétrica é aplicada a duas placas metálicas dentro de um tubo de vidro contendo gás rarefeito.

Durante os experimentos, ele percebeu que telas fluorescentes próximas ao tubo brilhavam fracamente, mesmo quando estavam fora do trajeto direto da radiação. Investigações mais detalhadas revelaram que esse efeito era causado por um tipo de radiação até então desconhecido.

Foi assim que Röntgen descobriu os raios X, uma inovação que se tornaria uma ferramenta indispensável tanto para pesquisas científicas quanto para exames médicos, permitindo a visualização do interior de corpos.

Por essa notável descoberta, Wilhelm Röntgen foi agraciado com o primeiro Prêmio Nobel de Física da história, em 1901.


Primeira radiografia da História
A primeira imagem em raios X de um membro humano da história, uma visão interna da mão esquerda da esposa de Röntgen, Anna Bertha Ludwig. [Imagem: Wilhelm Röntgen, domínio público, via Wikimedia Commons.]


Tubo de raios X

Esquema de funcionamento de um tubo de raios X. Esta faixa de radiação tem múltiplas aplicações, inclusive na prevenção de doenças, segurança pública e Astronomia. [Imagem: KIWANGA, Christopher Amelye - Professor Associado de Física - Universidade Aberta da Tanzânia. Carregada por Thepalerider2012, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons]



A vida de Wilhelm Röntgen

Wilhelm Conrad Röntgen nasceu em 27 de março de 1845, em Lennep, na Província do Baixo Reno, Alemanha, filho único de um comerciante e fabricante de tecidos.

Sua mãe, Charlotte Constanze Frowein, nasceu na capital holandesa Amsterdã, onde ela era membro de uma tradicional família Lennep, que por lá havia se estabelecido.

Quando Röntgen tinha apenas três anos de idade, sua família mudou-se para Apeldoorn, onde ele foi para um internato, o Institute of Martinus Herman van Doorn.

Naquela época, ele não parecia ter grandes aptidões para uma carreira científica. Porém, demonstrava amor pela natureza e gostava de vagar por campos abertos e florestas. Em particular, tinha muita habilidade em construir engenhocas mecânicas, hábito que manteve em sua vida adulta.

Em 1862, entrou para uma escola técnica em Utrecht, de onde foi injustamente expulso, acusado de ter produzido uma caricatura de um dos professores, o que, na verdade, havia sido feito por outra pessoa.

Três anos depois, Röntgen entrou na Universidade de Utrecht para estudar Física, mas não conseguiu obter as credenciais necessárias para se tornar um aluno regular. Então, ouviu dizer que poderia ingressar na Politécnica de Zurique, na Suíça, caso passasse em um exame.

Ele encarou o desafio e passou, dando início a seus estudos como um aluno de Engenharia Mecânica. Nessa fase, assistiu a palestras de Clausius e trabalhou no laboratório de Kundt. Esses dois cientistas exerceram grande influência no desenvolvimento de Röntgen.

Em 1869, na Universidade de Zurique, ele obteve o doutorado (Ph.D.). No mesmo ano, foi nomeado assistente de Kundt e foi com ele para Wurtzburgo. Três anos depois, os dois se mudaram para Estrasburgo.

Qualificou-se como Palestrante na Universidade de Estrasburgo em 1874 e, no ano seguinte, foi nomeado Professor da Academia de Agricultura em Hohenheim. Retornando a Estrasburgo em 1876, tornou-se Professor de Física por três anos, depois dos quais aceitou o convite para a Cadeira de Física da Universidade de Giessen.

Após recusar convites para posições semelhantes nas Universidades de Jena (1886) e Utrecht (1888), ele aceitou o da Universidade de Wurtzburgo (1888), onde sucedeu Kohlrausch e conviveu com os colegas Helmholtz e Lorenz.

Em 1899, recusou uma oferta para a Cátedra de Física na Universidade de Leipzig, mas, em 1900, aceitou na Universidade de Munique, por solicitação especial do governo da Baviera, como sucessor de E. Lommel, e ali permaneceu pelo resto de sua vida, embora lhe tenha sido oferecida a Presidência do Physikalisch-Technische Reichsanstalt (o Instituto Nacional de Metrologia da Alemanha) e a Cátedra de Física da Academia de Berlim.

O primeiro trabalho científico de Röntgen, tratando de calores específicos dos gases, foi publicado em 1870, seguindo-se, alguns anos depois, um artigo sobre a condutividade térmica dos cristais.

Dentre outras questões estudadas por ele, incluem-se: características elétricas e outras do quartzo; influência da pressão nos índices de refração de vários fluidos; modificação dos planos de luz polarizada por influências eletromagnéticas; variações nas funções da temperatura e da compressibilidade da água e outros fluidos; fenômenos que acompanham a propagação de óleo na água.

No entanto, seu nome ganhou fama principalmente pela descoberta dos raios que ele mesmo chamou de raios X.

Em 1895, ele estava estudando os fenômenos que acompanham a passagem de uma corrente elétrica através de um gás de pressão extremamente baixa. Trabalhos anteriores nesse campo já haviam sido realizados por J. Plucker (1801-1868), J. W. Hittorf (1824-1914), C. F. Varley (1828-1883), E. Goldstein (1850-1931), Sir William Crookes (1832-1919), H. Hertz (1857-1894) e Philipp von Lenard (1862-1947).

Devido ao trabalho desses cientistas, as propriedades dos raios catódicos - nome dado por Goldstein à corrente elétrica estabelecida em gases altamente rarefeitos sob eletricidade de altíssima tensão gerada pela bobina de indução de Ruhmkorff - já eram bem conhecidas.

No entanto, as pesquisas de Röntgen sobre raios catódicos o levaram à identificação de um novo e diferente tipo de raios. Na noite de 8 de novembro de 1895, ele descobriu que, se o tubo de descarga fosse fechado em uma caixa preta grossa e lacrada para excluir toda a luz, e se ele trabalhasse em uma sala escura, um prato de papel coberto de um lado com platinocianeto de bário colocado no caminho dos raios se tornava fluorescente mesmo quando estava a até dois metros do tubo de descarga.

Durante experimentos subsequentes, ele descobriu que objetos de diferentes espessuras interpostos no caminho dos raios evidenciavam transparência variável para eles, quando registrados em uma placa fotográfica.

Imobilizando por alguns momentos a mão de sua esposa no caminho dos raios, o que Röntgen observou na placa foi uma imagem mostrando as sombras projetadas pelos ossos e por um anel que ela usava, cercadas pela penumbra da carne, que, por ser mais permeável aos raios, projetava uma sombra mais fraca.

Este foi o primeiro "röntgenograma" já feito. Em experimentos posteriores, Röntgen mostrou que os novos raios são produzidos pelo impacto de raios catódicos em um objeto material. Como sua natureza era então desconhecida, ele deu a eles o nome de raios X, mantido até os dias atuais.


Laboratório de Röntgen
O laboratório de Röntgen, na Universidade de Wurtzburgo.
[Foto: autor desconhecido, domínio público, via nobelprize.org]

Mais tarde, Max von Laue (Nobel de Física de 1914) e seus alunos demonstraram que os raios X são da mesma natureza eletromagnética que a luz visível, diferindo dela apenas pela frequência mais alta de sua vibração. Para saber mais sobre isso, leia nossa matéria sobre o espectro eletromagnético.

Numerosas honrarias foram derramadas sobre Röntgen, além do Nobel de Física. Em várias cidades, ruas foram nomeadas em sua homenagem, e seria muito extenso listar todos os seus prêmios, medalhas, doutorados honorários, associações honorárias e correspondentes de sociedades científicas na Alemanha e no exterior.

Apesar de tudo isso, ele sempre manteve a característica de um homem notavelmente modesto e reticente. Ao longo de sua vida, cultivou o amor pela natureza e por atividades ao ar livre. Amável e cortês por natureza, ele sempre entendia as opiniões e dificuldades dos outros.

Röntgen sempre foi tímido em ter um assistente, preferindo trabalhar sozinho. Grande parte do aparato que usou em seus estudos foi construído por ele mesmo, com grande engenhosidade e habilidade experimental.

Passou muitas férias em sua casa de verão em Weilheim, no sopé dos Alpes da Baviera, onde confraternizava com os amigos. Era um grande montanhista e fazia muitas expedições que incluíam escaladas, envolvendo-se mais de uma vez em situações perigosas.

Röntgen casou-se com Anna Bertha Ludwig, de Zurique, que conheceu no café administrado por seu pai. Ela era sobrinha do poeta Otto Ludwig. O matrimônio foi celebrado em Apeldoorn, na Holanda, em 1872.

Os dois não tiveram filhos, mas em 1887 adotaram Josephine Bertha Ludwig, então com 6 anos, filha do único irmão da Sra. Röntgen. Quatro anos depois de sua esposa, Wilhelm Conrad Röntgen faleceu em Munique, no dia 10 de fevereiro de 1923, de carcinoma no intestino, aos 77 anos.

Casa de Röntgen
A casa onde Röntgen nasceu, em Lennep. [Foto: Markus Schweiss, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons]



★ Edição: Mauro Mauler - Artigo publicado originalmente em 20/07/2024; revisto e atualizado em 04/01/2025.
★ Baseado em conteúdos traduzidos e adaptados de:
 Wilhelm Conrad Röntgen - Facts. NobelPrize.org. Nobel Prize Outreach.
 Wilhelm Conrad Röntgen - Biographical. NobelPrize.org. Nobel Prize Outreach.
 (Último acesso em 22/09/2024)


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Por suas pesquisas sobre a influência do magnetismo nos fenômenos de radiação.


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