Ganhadores do Prêmio Nobel
Categoria: QUÍMICA
RICHARD MARTIN WILLSTÄTTER
As folhas das plantas verdes têm essa cor graças à clorofila, que desempenha um papel fundamental ao permitir a transformação de água e dióxido de carbono em carboidratos e oxigênio, com a ajuda da luz solar (fotossíntese).
De 1906 a 1914, o químico alemão Richard Willstätter (1872 - 1942) pesquisou a composição química desse pigmento. Ele descobriu que a clorofila de diferentes espécies de plantas é a mesma, porém é uma mistura de dois tipos diferentes, os quais ele conseguiu produzir na forma pura.
Willstätter demonstrou que o magnésio é um componente essencial na estrutura da clorofila e destacou a relação desta com a hemoglobina nos glóbulos vermelhos.
Ele também fez pesquisas importantes sobre vários outros compostos, mas seu trabalho com a clorofila foi determinante para sua premiação com o Nobel de Química de 1915.
[Imagem: At09kg, Wattcle, NefronusAt09kg: originalWattcle: vector graphicsNefronus: redoing the vector graphics, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons]
A vida de Richard Willstätter
Richard Martin Willstätter nasceu em 13 de agosto de 1872, na cidade alemã de Carlsrue. Começou a estudar em sua cidade natal e, depois, quando os pais se mudaram, deu continuidade na Escola Técnica de Nuremberg.
Com dezoito anos de idade, foi para a Universidade de Munique, onde estudou Ciências. Ingressando no Departamento de Química de von Baeyer, lá permaneceu pelos quinze anos seguintes: primeiro como estudante; a partir de 1896, como professor - desenvolvendo seu trabalho científico de forma independente - até que, no início de 1902, tornou-se o sucessor de J. Thiele como Professor Extraordinário.
Quando jovem, seus principais estudos foram sobre a estrutura e a síntese de alcaloides, tais como a atropina e a cocaína. Neste trabalho, assim como em outro posterior sobre as quinonas, compostos que são a base de muitos corantes, ele buscou adquirir habilidade em métodos químicos, preparando-se para uma jornada científica mais extensa e difícil: a investigação de pigmentos vegetais e animais.
As instalações do Laboratório de Munique eram muito limitadas para tal empreendimento, e Willstätter ficou feliz em aceitar sua primeira oferta de uma cadeira de professor, a qual assumiu no verão de 1905. Assim, ele foi para Zurique, para lecionar no Colégio Técnico Federal.
Os sete anos que Willstätter passou na Suíça foram, para ele, os melhores e mais significativos. Porém, embora o ensino e a pesquisa tenham lhe proporcionado grande satisfação, ele sofreu infortúnios pessoais e logo se tornou solitário.
Gostava tanto de seu trabalho em Zurique que nem considerava aquela fase como transitória, até ser chamado de volta à Alemanha, em 1912. O Kaiser Wilhelm havia estabelecido, para o Jubileu da Universidade de Berlim, uma Sociedade para a Promoção do Conhecimento Científico.
Este órgão havia fundado um Instituto de Química na capital alemã, na região de Dahlem. Lá, foi oferecido a Willstätter um laboratório de pesquisa, além de uma cátedra honorária na Universidade de Berlim.
Naquele ambiente, nos dois curtos anos anteriores à eclosão da Primeira Guerra Mundial, ele foi capaz, trabalhando com uma equipe de colaboradores, de completar suas investigações sobre clorofila e, como subproduto dessas pesquisas, concluiu algum trabalho sobre hemoglobina.
E não parou por aí: em rápida sucessão, realizou seus estudos sobre antocianas, a matéria corante de flores e frutas. Foram as investigações sobre pigmentos vegetais, principalmente a análise e síntese de clorofila, que fizeram com que merecesse o Prêmio Nobel de Química de 1915.
Foi exatamente nesta época, em que a conjuntura fazia com que o teor da vida científica em Dahlem já não fosse o mesmo, que Willstätter resolveu aceitar um chamado da Universidade de Munique, para suceder seu antigo professor, Adolf von Baeyer, e participar ativamente do ensino universitário.
No período que se seguiu, continuou envolvido em linhas de pesquisa fundamentais, e seu brilhante e frutífero trabalho é considerado, atualmente, como uma conquista pioneira. As investigações sobre a fotossíntese e sobre a natureza e atividade das enzimas foram precursoras da Bioquímica atual.
Naquela época, o método até então conhecido de concentração de enzimas por adsorção* não possibilitava trabalhar com enzimas cristalizadas. Neste sentido, Willstätter realizou estudos importantes com adsorventes, hidróxidos metálicos, hidrogéis e ácidos silícicos.
Ele também foi brilhante na busca de soluções para problemas da Química Teórica. Conseguiu a primeira síntese de ciclo-octatetraeno, passando a compará-lo com o benzeno, e montou experimentos para produzir ciclobutadieno.
A carreira de Willstätter chegou a um fim trágico quando, como um gesto contra o crescente antissemitismo, ele anunciou sua aposentadoria, em 1924. Manifestações de confiança da Faculdade, de seus alunos e do Ministro não conseguiram fazer o cientista de cinquenta e três anos mudar sua decisão de renunciar. Ofertas deslumbrantes, tanto no país quanto no exterior, foram igualmente rejeitadas.
Ele viveu algum tempo aposentado em Munique, mantendo contato apenas com aqueles de seus alunos que permaneceram no Instituto e com seu sucessor, Heinrich Wieland, o qual havia nomeado. Em 1938, teve que fugir da Gestapo, com a ajuda de seu aluno A. Stoll, e conseguiu emigrar para a Suíça. Porém, perdeu tudo o que tinha, exceto alguns poucos pertences.
Willstätter era casado com Sophie Leser, filha de um professor da Universidade de Heidelberg. Eles tiveram um filho, Ludwig, e uma filha, Ida Margarete. Já idoso, ele passou os três últimos anos de sua vida em Muralto, perto de Locarno (Suíça), escrevendo sua biografia (Aus meinem Leben, editada por A. Stoll, Verlag Chemie, Weinheim, 1949; edição em inglês: From my Life, Benjamin, Nova York, 1965).
Em 3 de agosto de 1942, Richard Willstätter faleceu, vítima de um ataque cardíaco. Um memorial em sua homenagem foi inaugurado em Muralto, em 1956.
No epílogo escrito por A. Stoll para a biografia de Willstätter, a lista de honrarias e distinções concedidas a este grande estudioso, em todas as partes do mundo civilizado, ocupa nada menos que três páginas.
★ Edição: - atualizada em 05/09/2024.
★ Referências:
Richard Willstätter - Facts. NobelPrize.org. Nobel Prize Outreach AB 2024. Acesso em 04/09/2024.
Richard Willstätter - Biographical. NobelPrize.org. Nobel Prize Outreach AB 2024. Acesso em 04/09/2024.
Próximo artigo:
Prêmio Nobel de Química - 1918
Artigos já publicados:
Nobéis de Física
Nobéis de Química
Voltar à página introdutória:
Ganhadores do Prêmio Nobel