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Ganhadores do Prêmio Nobel


Categoria: FÍSICA

seta esquerda     1914     seta direita

MAX VON LAUE

"Por sua descoberta da difração de raios X em cristais."


Difração

Difração é um fenômeno que ocorre quando uma onda encontra um obstáculo e se espalha ao passar por uma ou mais aberturas. [Imagem: JCSagás, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons]


Max von Laue

Um fenômeno conhecido como padrões de difração ocorre quando ondas passam por pequenas aberturas bem espaçadas em uma tela.

Em 1912, o físico alemão Max von Laue (1879 - 1960) lançou a ideia de que raios X passando por cristais poderiam criar padrões semelhantes.

Isto significa que a estrutura de um cristal corresponderia às aberturas em uma tela. Experimentos confirmaram a proposta de von Laue, demonstrando que os raios X podem ser descritos como ondas.

O método também tornou possível o uso de padrões de difração para determinar as estruturas dos cristais.

Pelo avanço teórico e experimental proporcionado à Física com sua descoberta, von Laue foi agraciado com o Nobel de Física de 1914.


A Vida de Max von Laue

Max von Laue nasceu em 9 de outubro de 1879, em Pfaffendorf, perto de Koblenz, na Alemanha. Ele era filho de Julius von Laue, um oficial da administração militar alemã elevado à nobreza hererditária em 1913 e que era frequentemente transferido entre cidades.

Por esta razão, von Laue passou sua juventude nas cidades de Brandemburgo, Altona, Posen, Berlim e Estrasburgo, indo à escola nas três últimas. Na escola protestante que frequentou em Estrasburgo, ele ficou sob a influência do professor Goering, que o apresentou às Ciências Exatas.

Em 1898, Max deixou a escola e prestou serviço militar durante um ano. Depois, foi para a Universidade de Estrasburgo, onde estudou Matemática, Física e Química, mas logo se mudou para a Universidade de Göttingen, onde trabalhou com os professores W. Voigt e W. Abraham, que o influenciaram bastante.

Em 1902, após um semestre na Universidade de Munique, ele foi para a de Berlim, para trabalhar com Max Planck. Lá, assistiu palestras de O. Lummer sobre espectroscopia de interferência e radiação de calor, cuja influência refletiu-se na dissertação que fez sobre fenômenos de interferência em placas planas paralelas.

Após obter seu doutorado em Berlim, em 1903, von Laue passou dois anos na Universidade de Göttingen. Em 1905, foi-lhe oferecido o posto de assistente de Max Planck, no Instituto de Física Teórica, em Berlim, onde trabalhou na aplicação da entropia a campos de radiação e no significado termodinâmico da coerência das ondas de luz.

Em 1909, ele voltou à Universidade de Munique, onde lecionou Ótica, Termodinâmica e Teoria da Relatividade e, em 1912, tornou-se Professor de Física na Universidade de Zurique.

Mudou-se, em 1914, para Frankfurt, ainda lecionando Física. Em 1916, envolveu-se com pesquisas de guerra na Universidade de Würzburg, trabalhando com tubos de alto vácuo usados para telefonia e comunicação sem fio.

Em 1919, ele foi nomeado Professor de Física na Universidade de Berlim, cargo que ocupou até 1943. De 1934 em diante, ele também atuou como consultor do Physikalisch-Technische Reichsanstalt, o instituto de metrologia da Alemanha, em Charlottenburg, distrito de Berlim.

Quando, em 1917, o Instituto de Física foi estabelecido em Dahlem, Berlim, tendo Albert Einstein como seu Diretor, von Laue foi encarregado, como Segundo Diretor, da maior parte dos serviços administrativos da instituição.

Durante este período e também mais tarde, ele exerceu considerável influência no desenvolvimento da pesquisa científica da Alemanha. Quando Berlim foi bombardeada, o Instituto mudou-se para Hechingen, em Württemberg, e von Laue foi junto.

Ele se estabeleceu em Hechingen de 1944 até 1945 e, para distrair seus pensamentos da guerra, escreveu uma História da Física, que teve quatro edições e foi traduzida para outras sete línguas. Então, ele deu as boas-vindas à chegada das tropas francesas e foi levado para uma missão anglo-americana na Inglaterra, juntamente com outros nove cientistas alemães, e por lá permaneceu até 1946.

Durante sua estadia na Inglaterra, ele escreveu um artigo sobre a baixa absorção de raios X durante a difração, uma contribuição para a União Internacional de Cristalógrafos, na Universidade de Harvard. Retornando a Göttingen em 1946, tornou-se Diretor Interino do Instituto Max Planck e Professor Titular da Universidade.

Em 1951, foi eleito Diretor do Instituto Fritz Haber de Físico-Química, em Dahlem, onde realizou muitos trabalhos sobre ótica de raios X, em colaboração com Borrmann e outros. Von Laue aposentou-se em 1958 e, em 1959, comemorou em Dahlem seu aniversário de 80 anos. Ele ainda teve uma vida ativa por mais seis meses.

A atuação científica de von Laue se estendeu por um amplo campo, além do que já foi mencionado. No início de sua carreira, ele ficou muito entusiasmado com a Teoria da Relatividade, de Einstein, e publicou oito artigos sobre sua aplicação, entre 1907 e 1911. Neste ano, publicou um livro sobre a Teoria Restrita e, em 1921, outro sobre a Teoria Geral. Ambos tiveram várias edições.

No entanto, seu trabalho mais conhecido foi a descoberta da difração de raios X em cristais, pelo qual recebeu o Nobel de Física de 1914. Conforme relatou em sua palestra Nobel, tudo começou quando ele estava discutindo problemas relacionados à passagem de ondas luminosas através de um arranjo periódico e cristalino de partículas.

Ocorreu-lhe, então, a ideia de que os raios eletromagnéticos muito mais curtos, que os raios X deveriam ser, causariam em tal meio algum tipo de difração ou interferência, e que o cristal forneceria o meio.

Ele discutiu o assunto em uma expedição de esqui com seus colegas Sommerfeld, W. Wien (Nobel de Física de 1911) e outros. Embora eles tenham levantado objeções, W. Friedrich, um dos assistentes de Sommerfeld, e P. Knipping testaram a proposição experimentalmente e, após algumas falhas, conseguiram provar que ela estava correta.

Von Laue elaborou a formulação matemática e a descoberta foi publicada em 1912. Ela estabeleceu o fato de que os raios X são eletromagnéticos por natureza e abriu caminho para o trabalho posterior de Sir William e Sir Lawrence Bragg (Nobéis de Física de 1915). Posteriormente, von Laue ainda fez outras contribuições ao mesmo assunto.

Também proeminentes no trabalho de von Laue foram suas contribuições à questão da supercondutividade, feitas quando ele lecionava Física Teórica na Universidade de Berlim. Nessa época, Walther Meissner estava estudando o notável desaparecimento da resistência ôhmica mostrada por muitos metais em temperaturas da ordem daquela do hélio líquido.

Especialmente valiosa foi a explicação de von Laue, em 1932, do fato de que o limiar do campo magnético aplicado que destrói a supercondutividade varia com o formato do corpo porque, quando o campo magnético é estabelecido após o estado de supercondutividade ter sido instalado, o campo magnético é deformado pelas supercorrentes induzidas na superfície do metal que está sendo usado.

Esta explicação foi confirmada e abriu caminho para a descoberta subsequente de Meissner de que um supercondutor elimina todo o campo magnético em seu interior, e isto se tornou a ideia básica da Teoria da Supercondutividade de F. H. London. Von Laue publicou um artigo em colaboração com London e, entre 1937 e 1947, publicou um total de 12 artigos e um livro sobre o assunto.

Muito estimado pelos contemporâneos por seu caráter e bom senso, von Laue era frequentemente chamado a dar opiniões e, durante sua vida, exerceu grande influência na direção e desenvolvimento do trabalho científico alemão. Entre suas características estavam um profundo amor e admiração pela Prússia e um forte senso de justiça e jogo limpo.

Quando Hitler e o Partido Nacional Socialista estavam no poder, ele defendeu, mesmo correndo riscos de repreensão ou lesão pessoal, visões científicas (como a Teoria da Relatividade) que não eram aprovadas pelo regime ou por seus adeptos, sendo um deles o físico Philipp Lenard (Nobel de Física de 1905, forte opositor de Einstein).

Quando Einstein renunciou à Academia de Berlim e o vice-presidente da mesma declarou que isso não era uma perda, Laue foi o único membro que protestou!


Max von Laue
Um grupo de ganhadores do Prêmio Nobel, reunidos para um jantar em 11 de novembro de 1931, a convite de von Laue. Da esquerda para a direita: Walther Nernst, Albert Einstein, Max Planck, Robert A. Millikan e Max von Laue. [Foto: autor desconhecido, domínio público, via Wikimedia Commons]

Em sua vida fora da Ciência, Dentre suas principais recreações, von Laue gostava de vela, esqui, montanhismo e automobilismo. Von Laue não era um alpinista, mas gostava de fazer excursões pelas geleiras alpinas com seus amigos cientistas. Além disso, era famoso em Berlim por ser um "pé quente", primeiro com a motocicleta que pilotava para suas palestras e, depois, com um automóvel. Ele amava altas velocidades, mas nunca havia sofrido um acidente, até a colisão que acabou com sua vida.

Em seus últimos anos, sofreu com crises de depressão e um sentimento de perseguição por parte de cientistas e autoridades militares, de quem não gostava muito. Geralmente, no entanto, superava com sucesso esses ataques e recuperava seu senso de humor e alegria de viver. Não praticava nenhuma arte, mas se interessava por muitas delas, especialmente pela música clássica, e lia muito História e Filosofia da Ciência.

Casado com Magdalena Degen desde 1910, Von Laue pensava nas estrelas, nos picos das montanhas e nas realizações do ser humano com admiração e humildade. Em seu íntimo, tratava-se de um homem profundamente religioso e pediu que fosse inscrita em sua lápide a declaração de que morreu confiando firmemente na misericórdia de Deus.

Em 8 de abril de 1960, uma motocicleta colidiu com o carro de Von Laue, quando este dirigia sozinho para seu laboratório. O motociclista, que havia recebido sua licença apenas dois dias antes, morreu instantaneamente, e o automóvel de Laue capotou no autódromo de Berlim. Ele foi retirado por bombeiros e, embora tenha inicialmente apresentado alguns sinais de recuperação dos ferimentos, veio a falecer em 24 de abril, aos 80 anos.


Títulos honorários, premiações e outras honrarias

  • Medalha Ladenburg, Medalha Max Planck e Medalha de Ouro Bimala-Churn-Law da Associação Indiana em Calcutá;
  • Doutorado Honorário das Universidades de Bonn, Stuttgart, Munique, Berlim, Manchester e Chicago;
  • Membro da Academia Russa e da Academia de Ciências de Berlim, da Sociedade Alemã de Física e da Sociedade Matemática, da Sociedade Kant, da Academia de Ciências de Viena, da Sociedade Americana de Física, da Sociedade Francesa de Física e da Sociedade Francesa de Mineralogia e Cristalografia;
  • Senador Honorário da Sociedade Max Planck, Membro Honorário da Sociedade Alemã de Röntgen e Membro Correspondente das Academias de Ciências de Göttingen, Munique, Turim, Estocolmo, Roma (Papal), Madri, da Academia dei Lincei de Roma e da Royal Society de Londres;
  • Em 1948, tornou-se Presidente Honorário da União Internacional de Cristalógrafos, em 1952 foi nomeado Cavaleiro da Ordem Pour le Mérite, em 1953 recebeu a Grã-Cruz com Estrela por Serviços Federais e, em 1957, tornou-se Oficial da Legião de Honra da França.
  • Prêmio Nobel de Física de 1914.



★ Edição: Mauro Mauler - atualizada em 26/08/2024.

★ Referências:
 Max von Laue - Facts. NobelPrize.org. Nobel Prize Outreach AB 2024. Acesso em 26/08/2024.
 Max von Laue - Biographical. NobelPrize.org. Nobel Prize Outreach AB 2024. Acesso em 28/08/2024.



Próximo artigo:

William & Lawrence Bragg

WILLIAM & LAURENCE BRAGG

Prêmio Nobel de Física - 1915

Por suas análises da estrutura de cristais usando raios X.


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