Astronomia básica
Estrelas e constelações
Constelações são grupos de estrelas no firmamento, visualmente próximas entre si, formando figuras imaginárias que servem como referências na localização e identificação dos objetos celestes.
Normalmente, a proximidade entre as estrelas de uma constelação é apenas aparente e, na verdade, elas estão muito distantes umas das outras.
Algumas constelações são bem fáceis de serem localizadas no céu noturno. Um bom exemplo é Crux, nosso popular Cruzeiro do Sul. Devido à sua relativa proximidade do polo sul celeste, ele não é visível no Hemisfério Norte, a não ser em regiões adjacentes à Linha do Equador.
Na foto abaixo, veja que ele está sempre acompanhado de um par de estrelas da constelação Centaurus, apelidadas de "as guardas". Elas são Alpha (α) e Beta (β) Centauri e, apesar de parecerem estrelas individuais, na verdade são sistemas estelares:
Foto da constelação Crux, o nosso popular Cruzeiro do Sul, tirada com exposição de dois minutos. [Crédito: Skatebiker / CC BY-SA 4.0]
Estrelas do Cruzeiro do Sul
Foto de longa exposição de Crux (Cruzeiro do Sul), indicando os nomes tradicionais de suas estrelas, a saber:
Estrela de Magalhães ou Acrux (α crucis): é a mais brilhante (alpha) e aponta para o sul.
Mimosa (β crucis): segunda mais brilhante (beta), aponta para o oeste.
Rubídea (γ crucis): topo da cruz, terceira mais brilhante (gamma), apontando para o norte.
Pálida (δ crucis): quarta mais brilhante (delta), aponta para o leste.
Intrometida (ε crucis): não faz parte das linhas retas que compõem a cruz. É a menos brilhante (epsilon).
Observe o uso das cinco primeiras letras gregas nos nomes oficiais entre parênteses, em ordem alfabética, da mais brilhante para a menos brilhante estrela da constelação.
[Imagem (adaptada): Naskies at en.wikipedia, CC BY-SA 3.0]
Tendo em vista o giro aparente do firmamento em torno do polo celeste, as constelações são vistas em diferentes inclinações, dependendo do horário. A próxima imagem representa Crux em três momentos distintos de uma noite. As guardas, sempre à esquerda, ajudam na identificação do verdadeiro Cruzeiro:
E veja, no desenho a seguir, como o Cruzeiro do Sul e suas guardas são bons indicadores na localização do polo sul celeste:
[Imagem: original by Micke (usurped) vectorization by B. Jankuloski / CC BY-SA 4.0]
(adaptada)
As "guardas" do Cruzeiro do Sul, Alpha e Beta Centauri, da constelação Centaurus. Elas são, na verdade, sistemas estelares, sendo Alpha um binário (duas estrelas) e Beta um sistema com três estrelas.
O pequeno círculo amarelo abaixo e à direita de Alpha indica a posição de outra estrela, a Proxima Centauri, que, apesar de não ser visível a olho nu, é a estrela mais próxima de nosso Sol, a uma distância de apenas 4,22 anos-luz, aproximadamente.
[Imagem (adaptada): Skatebiker / CC BY-SA 3.0]
Outra constelação que se destaca no firmamento é Órion (o Caçador). Em seu centro, estão as famosas Três Marias, assim chamadas na Espanha e na maior parte da América Latina. Em outros países, essas três estrelas, visualmente bem próximas e equidistantes entre si, são também chamadas de Três Reis (Three Kings) ou Três Irmãs (Three Sisters). Elas formam o Cinturão de Órion.
Órion é visível em todos os meses do ano e nos dois hemisférios, pois está posicionada no equador celeste. No Hemisfério Sul, fica a Noroeste e é mais fácilmente localizada no alto verão: nos meses de dezembro e janeiro, encontra-se no meio do caminho entre o horizonte e o zênite. No Hemisfério Norte, ela é vista verticalmente invertida, está no Sudoeste e é típica do auge do inverno.
As principais estrelas de Órion. A foto foi feita por observação em telescópio, mas essas estrelas são visíveis a olho nu. [Imagem (adaptada): Hubble European Space Agency, via Wikimedia Commons]
A Nebulosa de Órion, abaixo das Três Marias, é uma das poucas que podem ser vistas a olho nu, com aparência difusa, porém com mais nitidez se for usado um telescópio, mesmo que seja dos mais comuns.
Pela identificação de constelações conhecidas, pode-se localizar outras estrelas. Por exemplo, a partir das Três Marias, chega-se à posição de Sirius, uma estrela muito brilhante da constelação do Cão Maior.
No Hemisfério Norte, além de Órion, destacam-se no céu as constelações Ursa Maior e Ursa Menor:
As constelações Ursa Menor e Ursa Maior são facilmente identificáveis, para quem está no Hemisfério Norte. Polaris (ou Estrela Polar) é a estrela mais brilhante da Ursa Menor e fica no eixo de rotação da Terra (ou bem próximo dele), na direção do Polo Norte.
A partir de algumas constelações de referência, como as que vimos aqui, podemos aos poucos identificar outras estrelas e constelações. Uma boa ideia, a partir de então, é usar mapas celestes. Em nosso próximo artigo, falamos um pouco sobre eles e disponibilizamos dois tipos de mapas, para recortar e montar.
★ Edição: - atualizada em 19/02/2024.