Galáxias do Conhecimento

14/02/2025

Anel de Einstein detectado em galáxia próxima

O anel parece circundar o centro da galáxia NGC 6505, na constelação de Draco.


Anel de Einstein
Ampliação de parte da imagem obtida pelo telescópio espacial Euclid, da ESA, focando no centro da galáxia NGC 6505, com o brilhante anel de Einstein ao seu redor. [Imagem: ESA/Euclid/Euclid Consortium/NASA, processada por J.-C. Cuillandre, G. Anselmi, T. Li; CC BY-SA 3.0 IGO ou ESA Standard Licence]

A descoberta, feita a partir de imagens do telescópio espacial Euclid, da Agência Espacial Europeia (ESA), foi relatada em um artigo publicado em 10 de fevereiro na edição online do periódico científico Astronomy & Astrophysics, intitulado Euclid: A complete Einstein ring in NGC 6505.

Lentes gravitacionais são um fenômeno previsto pela Teoria da Relatividade Geral, de Albert Einstein. Estruturas cósmicas extremamente massivas exercem uma atração gravitacional tão intensa que deformam o espaço-tempo ao seu redor, atuando como lentes que ampliam, distorcem e curvam a luz de objetos situados atrás delas.

Dessa forma, galáxias e aglomerados de galáxias funcionam como verdadeiras lentes de aumento, permitindo a observação de estruturas ainda mais distantes. No caso específico do chamado "anel de Einstein", a flexão da luz forma um anel devido ao alinhamento quase perfeito entre a fonte de luz, a lente gravitacional e o observador.


Lente gravitacional
Neste diagrama, luzes provenientes de uma distante galáxia têm sua trajetória alterada pela força gravitacional de um aglomerado de galáxias. A lente gerada permite que visualizemos, por exemplo através do Telescópio Espacial Hubble, imagens ampliadas da galáxia, que está muito mais distante do que o próprio aglomerado. Muitas das descobertas do Hubble se deram graças às lentes gravitacionais. [Imagem: NASA/ESA, domínio público, via Wikimedia Commons]


Um dos autores do artigo, o cientista Bruno Altieri, foi o primeiro a encontrar evidências desse fenômeno ao analisar imagens da fase inicial de testes do Euclid. Posteriormente, novas observações da sonda confirmaram a descoberta de um anel completo, aparentemente circundando o centro da galáxia elíptica NGC 6505, localizada a cerca de 590 milhões de anos-luz da Terra, na constelação de Draco.

Embora essa distância possa parecer imensa, no contexto do Universo é relativamente pequena - praticamente em nosso "quintal cósmico". O anel se formou a partir da luz de uma galáxia brilhante situada muito mais longe, a aproximadamente 4,42 bilhões de anos-luz, que nunca havia sido observada antes e, por isso, ainda não possui nome.

As lentes gravitacionais são classificadas em fortes e fracas. Um anel de Einstein é um exemplo de lente gravitacional forte. Segundo Conor O'Riordan, do Instituto Max Planck de Astrofísica (Alemanha) e autor principal do artigo, "todas as lentes fortes são especiais, porque são muito raras e incrivelmente úteis cientificamente".

Através dos anéis de Einstein, os cientistas podem, por exemplo, estudar indiretamente a matéria escura, uma vez que sua presença influencia a curvatura da luz observada no anel. Esse fenômeno também é fundamental para pesquisas sobre a expansão do Universo, pois o espaço entre nós e essas galáxias - tanto em primeiro plano quanto ao fundo - está em constante expansão.

Além de detectar lentes fortes, a missão Euclid também busca identificar lentes gravitacionais fracas, em que as galáxias de fundo parecem apenas levemente alongadas ou deslocadas. O estudo dessas lentes contribuirá para a compreensão da energia escura, a misteriosa força que parece impulsionar a aceleração da expansão do Universo.

Euclid é uma missão europeia, construída e operada pela ESA, com contribuições da NASA e de outras instituições. O Consórcio Euclid - formado por mais de 2.000 cientistas de 300 institutos em 15 países europeus, além de Estados Unidos, Canadá e Japão - é responsável pelo desenvolvimento dos instrumentos científicos e pela análise dos dados coletados.

A sonda foi lançada de Cabo Canaveral, Flórida, em 1º de julho de 2023, e iniciou seu levantamento detalhado do céu em 14 de fevereiro de 2024. Aos poucos, está construindo o mais extenso mapa tridimensional do Universo já criado, abrangendo mais de um terço do céu e registrando bilhões de galáxias a distâncias de até 10 bilhões de anos-luz.

O impacto dessa missão já se evidencia com a detecção do anel em NGC 6505 logo no início de suas operações. Descoberta em 1984, essa galáxia já era bem conhecida pelos astrônomos, mas o fenômeno de lente gravitacional em seu centro nunca havia sido identificado. Esse achado demonstra o potencial da sonda para revelar inúmeros segredos cósmicos ainda ocultos. Estima-se que a Euclid possa identificar cerca de 100.000 lentes gravitacionais fortes ao longo de sua missão.


Anel de Einstein
Imagem obtida pela Euclid, revelando o anel de Einstein ao redor do centro da NGC 6505. Uma visão ampliada do anel é exibida no início deste artigo. [Imagem: ESA/Euclid/Euclid Consortium/NASA, processada por J.-C. Cuillandre, G. Anselmi, T. Li; CC BY-SA 3.0 IGO ou ESA Standard Licence]


★ Edição: Mauro Mauler. Matéria publicada em 14/02/2025.

★ Referências:


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