Galáxias do Conhecimento

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Galáxias ativas

São aquelas que possuem um pequeno núcleo emissor em seu centro (active galactic nucleus ou AGN). Este é tipicamente muito variável e muito brilhante em comparação com o restante da galáxia.

Em galáxias comuns, podemos encontrar a energia total que elas emitem pela soma das emissões de todas as suas estrelas. Em se tratando de galáxias ativas, porém, isto não funciona, pois há uma grande quantidade de energia adicional.

Este excesso de energia é encontrado como radiação nas faixas do infravermelho, rádio, ultravioleta e raios X. Também ocorrem irradiações em micro-ondas, muito intensas em blazares (mais à frente veremos o que são eles). O que acontece nessas galáxias para que elas produzam tais campos energéticos?

A maioria das galáxias, senão todas, abriga um buraco negro supermassivo em seu centro. Em uma galáxia ativa, esse buraco negro atrai material da densa região central.

À medida que a matéria cai na direção do buraco, o momento angular (grandeza física associada à rotação) causa sua espiralização, formando-se um disco de acreção, o qual é aquecido em função das forças gravitacionais e de fricção.


Núcleo de galáxia ativa
Concepção artística do núcleo de uma galáxia ativa (AGN). [Créditos: NASA/GSFC's Conceptual Image Lab.]


Modelos de galáxias ativas também incluem uma região de gás frio e poeira, em uma geometria de toro* (formato de câmara de ar de pneu, ou uma "rosquinha" gigante), em cujo orifício central encontra-se o buraco negro e o disco de acreção.

Em um de cada dez AGN's, em média, o buraco negro e o disco de acreção produzem estreitos feixes de partículas energéticas e as ejetam, em direções opostas, para fora do disco. Esses jatos, que emergem quase à velocidade da luz, são uma poderosa fonte de ondas de rádio.

As propriedades de uma galáxia ativa são determinadas pela massa do buraco negro, pela taxa de acreção, acompanhada ou não de um jato emissor, e pelo ângulo pelo qual vemos a galáxia.

Veja, na imagem abaixo, a estrutura do núcleo de uma galáxia ativa:


Estrutura de um AGN
Componentes do núcleo (AGN) de uma galáxia ativa. Sua extrema luminosidade é alimentada pela acreção no sentido de um supermassivo buraco negro. Alguns AGN’s expelem jatos, outros não. [Créditos da imagem (adaptada): Aurore Simonnet, Sonoma State University.]


*O toro é um formato geométrico como o da figura abaixo, presente em muitas estruturas da natureza, inclusive em galáxias ativas, onde corresponde a uma região de gás e poeira que rodeia o disco de acreção e o buraco negro central.

Figura geométrica toro


Radiogaláxia
A imagem mostra uma galáxia ativa, a radiogaláxia Centaurus A, em cores simuladas para as emissões de ondas de rádio (vermelho), infravermelho (verde) e raios X (azul). [Imagem: Martin Hardcastle, CC BY-SA 3.0 - via Wikimedia Commons]

Radiogaláxias, quasares e blazares

Estas estruturas são AGN's muito distantes que emitem poderosos jatos, os quais podem adentrar amplas regiões do espaço intergalático.

É bem aceito atualmente que os termos radiogaláxia, quasar e blazar referem-se ao mesmo tipo de objeto cósmico. As diferenças que observamos entre eles devem-se principalmente aos ângulos entre os jatos emitidos e a nossa linha de visão.

Os quasares são definidos como intensas fontes de rádio e, conforme vistos por nós aqui da Terra, parecem-se com estrelas muito brilhantes, daí a denominação quasar (quase uma estrela).

Os blazares são, na verdade, a mesma coisa. Classifica-se um objeto como um blazar quando seu eixo de emissão dos jatos está diretamente apontado para a Terra e, assim, parece ser um objeto ainda mais brilhante e energético.


Observando galáxias ativas

Galáxias ativas são intensamente estudadas em todos os seus comprimentos de onda. Tendo em vista que elas podem alterar seu comportamento em pequenas escalas de tempo, é proveitoso o seu estudo simultâneo em todas as faixas de energia do espectro eletromagnético.


Quasar

À esquerda, imagem composta (luz ótica/rádio), exibindo a galáxia elíptica NGC 4261. Fotografada em luz visível (branca), a galáxia aparece como um disco difuso de centenas de bilhões de estrelas. A imagem em rádio (laranja) mostra um par de jatos opostos, emanando do núcleo e espalhando-se à distância de 88.000 anos-luz.

À direita, visão do núcleo da mesma galáxia, obtida pelo Telescópio Espacial Hubble. O disco gigante de gás frio e poeira mede aproximadamente 300 anos-luz, de uma extremidade à outra, e pode estar abastecendo um buraco negro no centro. O disco é inclinado o suficiente (por volta de 60 graus) para possibilitar que astrônomos tenham uma visão clara de seu núcleo brilhante, onde presume-se estar localizado o buraco negro.

[Créditos: NRAO, CallTech, Walter Jaffe/Leiden Observatory, Holland Ford/JHU/STScI e NASA]

Observações em raios X e raios gama têm desvendado importantes características dessas estruturas. Quasares de alta energia emitem uma ampla fração de sua força na forma dessas faixas de radiação, que são as de mais alta energia do espectro.

Em um AGN, os raios X têm sua origem muito próxima ao buraco negro. Logo, os estudos em raios X permitem que os cientistas tenham insights singulares sobre os processos físicos que ocorrem no mecanismo central.

Por outro lado, as observações exclusivamente de raios gama podem fornecer informações sobre a natureza da aceleração de partículas no jato do quasar, bem como indícios sobre como as partículas interagem com seus arredores.

O Telescópio Espacial de Raios Gama Fermi (Fermi Gamma-ray Space Telescope - FGST) descobriu mais de mil galáxias ativas, a maioria delas blazares, que são muito brilhantes na faixa dos raios gama.

Os blazares também são energeticamente muito variáveis e agem como os mais poderosos aceleradores de partículas do Universo.


Blazares
Este mapa de céu inteiro mostra 5 anos de dados do Fermi. As cores mais intensas correspondem a fontes mais brilhantes de raios gama. O brilho difuso ao longo do centro indica o plano central da Via Láctea. Os círculos delimitam galáxias ativas, neste caso os blazares. Eles são os objetos mais comuns detectados pelo Telescópio de Área Extensa do Fermi (57 por cento de todas as fontes, em seu segundo catálogo). Para uma visão ampliada, clique sobre a imagem. [Créditos: NASA/DOE/Fermi LAT Collaboration.]


★ Edição: Mauro Mauler - atualizada em 16/04/2024.

★ Conteúdo parcialmente adaptado de:

NASA's Imagine the Universe



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Galáxia ativa

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