Alinhamento planetário 2025:
entre a realidade e o sensacionalismo

Tem sido divulgado um grande alinhamento de planetas, o qual estaria ocorrendo neste início de 2025, mas a realidade astronômica não é tão extraordinária quanto parece. Vamos separar os fatos dos exageros.

Na realidade, a ideia de um alinhamento perfeito de planetas é um equívoco. Os planetas nunca se alinham completamente, pois suas órbitas são inclinadas em relação umas às outras e situam-se em planos ligeiramente distintos. Assim, eles jamais formam uma linha reta no espaço.

O que ocorre, de fato, é que os planetas visíveis a olho nu nem sempre aparecem simultaneamente no céu. No entanto, ao longo de janeiro e fevereiro de 2025, alguns deles estão posicionados de maneira favorável para observação, o que tem gerado essa interpretação equivocada.

Para entender melhor essa questão, é essencial compreender o conceito de eclíptica. A eclíptica é a trajetória aparente do Sol na esfera celeste ao longo de um ano, resultante do movimento orbital da Terra ao seu redor. Como o Sistema Solar tem uma estrutura aproximadamente plana, com os planetas orbitando em torno do Sol em planos ligeiramente inclinados, todos eles parecem se distribuir próximos a essa linha imaginária no céu.

Isso significa que, do ponto de vista terrestre, os planetas sempre aparentam estar alinhados ao longo da eclíptica, mesmo que, no espaço tridimensional, eles estejam em posições muito diferentes. Quando vários deles ficam visíveis simultaneamente, a impressão de um alinhamento perfeito se intensifica, mas essa percepção é apenas um efeito visual.

As alegações de que sete planetas podem ser vistos alinhados no céu durante janeiro e fevereiro de 2025 são exageradas. Na prática, apenas quatro planetas - Vênus, Marte, Júpiter e Saturno - estarão claramente visíveis a olho nu até, pelo menos, o dia 10 de fevereiro.

Outros dois, Urano e Netuno, podem ser observados com a ajuda de telescópios, mas apenas sob condições ideais: céu muito límpido, baixa interferência de poluição luminosa e um bom equipamento de observação.

Mesmo os planetas visíveis a olho nu não são fáceis de localizar. Durante esse período, eles aparecem logo após o pôr do sol, na direção oeste. Dependendo da localização geográfica do observador, obstáculos como prédios altos e montanhas podem dificultar a visualização.

Ainda assim, isso não significa que o evento seja irrelevante. Pelo contrário, este é um ótimo momento para observar os planetas, especialmente porque Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno estão relativamente bem posicionados no céu. Com ou sem telescópio, vale a pena aproveitar essa oportunidade para contemplar a beleza do nosso Sistema Solar.