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AQUECIMENTO GLOBAL

O mundo cada vez mais quente!

Mudanças climáticas ocorrem naturalmente na história do planeta. Nas últimas décadas, porém, observa-se um aquecimento muito acelerado, em níveis sem precedentes desde que medições começaram a ser registradas!


Aquecimento global 2024
Este mapa da Terra em 2024 exibe as anomalias climáticas na superfície global, demonstrando o quão mais quente ou mais frio as regiões estiveram, em comparação com a média de 1951 a 1980. Temperaturas normais estão em branco, as mais altas que o normal em vermelho/laranja e as mais baixas em azul. Mais à frente neste artigo, exibimos uma animação evidenciando a variação dessas anomalias desde 1880. [Créditos: NASA's Scientific Visualization Studio]

Análises divulgadas pela NASA em 10/01/2025 demonstram que a temperatura média da superfície da Terra em 2024 foi a mais quente já registrada, batendo o recorde anterior, de 2023.

Os níveis chegaram a 2,30 graus Fahrenheit (= 16,5 graus centígrados) acima da linha de base estabelecida pela NASA (média global no período 1951-1980). Inclusive, ao longo de 15 meses consecutivos (junho de 2023 a agosto de 2024), já vinham sendo observados recordes mensais. Ou seja, estamos experimentando uma onda de calor sem precedentes em nossa história!

Os cientistas também estimaram que, em 2024, a Terra ficou cerca de 2,65 graus Fahrenheit (1,47 graus centígrados) mais quente do que a média de meados do século XIX (1850-1900). Por mais da metade do ano, as temperaturas médias estiveram mais de 1,5 graus centígrados acima da citada linha de base, e a média anual, embora com incertezas matemáticas, pode ter excedido o nível pela primeira vez.

Na verdade, o esquentamento exponencial já vem se verificando há algumas décadas, em comparação com um longo período anterior de relativo equilíbrio térmico. Continue lendo...


Quais são as causas do aquecimento global?

A aceleração do aquecimento é impulsionada pelos gases de efeito estufa, os quais retêm calor, e os níveis inéditos atingidos nos dois últimos anos têm a ver com o fato de que, em 2022 e 2023, houve aumentos recordes nas emissões de dióxido de carbono de combustíveis fósseis, de acordo com uma recente análise internacional.

A concentração de dióxido de carbono na atmosfera, medida a partir do século XVIII (período pré-industrial), aumentou de aproximadamente 278 partes por milhão para cerca de 420 partes por milhão. O gráfico abaixo, que abrange um período de oitocentos mil anos, deixa claro o vertiginoso aumento dos níveis desse gás nas últimas décadas:


Níveis de dióxido de carbono
Este gráfico, baseado na comparação de amostras atmosféricas contidas em núcleos de gelo e medições diretas mais recentes, fornece evidências de como o dióxido de carbono (CO2) atmosférico aumentou desde a Revolução Industrial. [Imagem (adaptada): Luthi, D., et al.. 2008; Etheridge, D.M., et al. 2010; Vostok ice core data/J.R. Petit et al.; NOAA Mauna Loa CO2 record. Via NASA Science - Climate Change - Evidence]

E é notável, na sequência de mapas climáticos da animação a seguir, como um aumento exponencial da temperatura média global acompanha a evolução dos níveis de CO2:




A animação seguinte, representando dados mensais no período considerado, evidencia como a temperatura global se desvia crescentemente da média, com o progressivo incremento das atividades industriais:




A consistência dos dados é demonstrada no gráfico abaixo, que alia informações de cinco fontes diferentes, relativas ao período 1880-2020. As medidas não refletem a temperatura absoluta, mas sim o quanto várias regiões do mundo esquentaram ou esfriaram, em relação ao período de referência 1951-1980. Veja como os picos e vales das curvas se sincronizam:

Aquecimento global 1880-2020

Os registros mostram que, nos anos 1950, ocorre um abrandamento do frio e, entre os anos 1950 e 1970, há um nivelamento, com a temperatura oscilando em torno do padrão, e voltando a aumentar nos anos seguintes. Isso pode ser explicado pela variabilidade natural, mas outra causa possível é a ação de alguns aerossóis produzidos pelo rápido crescimento econômico após a Segunda Guerra Mundial.

O uso de combustíveis fósseis também aumentou no período pós-guerra, na taxa de 5 por cento ao ano. Com isso, iniciou-se uma emissão intensa dos gases de efeito estufa. Os principais são: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e vapor d'água (H2O).

A energia irradiada pela Terra é um dos fatores que afetam a temperatura global, e essa irradiação depende significativamente da composição química da atmosfera, sendo particularmente influenciada pelos referidos gases. A ação dos aerossóis é mais imediata, mas os gases, apesar de se acumularem lentamente, levam muito mais tempo para saírem do ar.

Portanto, tudo indica uma predominância do efeito dos gases como causa para a tendência ao aquecimento que se observa nas últimas quatro décadas, mesmo porque já foram impostas restrições legais ao uso dos aerossóis.

A NASA e várias outras agências coletam regularmente dados sobre as emissões e concentrações desses gases. Os dados são disponibilizados no U.S. Greenhouse Gas Center, um esforço conjunto de várias agências para consolidar informações de observações e modelos, visando fornecer aos tomadores de decisão uma fonte única para suas análises.

É fato que uma interação entre causas naturais e a atividade humana explicam o aquecimento global, mas é bem maior o número de pistas que sugerem que somos os principais responsáveis. Embora haja quem questione isso, os dados não mentem!


Outras causas de variações climáticas

As temperaturas em cada ano podem ser influenciadas por flutuações climáticas naturais, como o El Niño e La Niña, que esquentam ou esfriam o Oceano Pacífico tropical. O intenso El Niño que ocorreu em 2023 ajudou a elevar as médias globais acima de recordes anteriores.

Entretanto, a onda de calor que começou em 2023 continuou a exceder as expectativas em 2024, apesar da diminuição do El niño. Os pesquisadores ainda estão trabalhando para identificar outros fatores, incluindo possíveis impactos da erupção vulcânica de Tonga, em janeiro de 2022, bem como reduções na poluição atmosférica, por conta do restringimento da ação humana durante a pandemia de covid-19.

Tais fatores podem provocar alterações na cobertura de nuvens do planeta e, também, a forma como a energia solar é refletida de volta ao espaço.


Consequências do aquecimento global

Gavin Schmidt, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais (GISS - Goddard Institute for Space Studies) da NASA, em Nova York, assevera que não teremos quebra de recordes todos os anos, mas que "a tendência de longo prazo é clara". Schmidt afirma: "já estamos vendo o impacto em chuvas extremas, ondas de calor e aumento do risco de inundações, que vão continuar piorando enquanto as emissões continuarem".

Confira, na lateral desta página (ou ao final do artigo, se você estiver no celular), 9 consequências inegáveis do aquecimento global, depois tire suas próprias conclusões. Saiba que há quem defenda que o fenômeno é um mito!


Perspectivas de futuro

Em 2018, o IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) publicou um relatório especial (link para versão em português nas referências ao final do artigo) que aponta algumas tendências. Segundo o documento, o aquecimento provocado pela emissão de gases, iniciado logo após o período pré-industrial, "persistirá por séculos e milênios, e continuará causando mudanças a longo prazo no sistema climático, como aumento dos níveis dos oceanos, com impactos associados". Também é estimado que "o aquecimento global atinja 1,5º C entre 2030 e 2052, caso continue a aumentar no ritmo atual" (perspectiva otimista).

Outros relatórios (em inglês) estão disponíveis no site da instituição, inclusive com informações mais atuais, porém confirmando as mesmas tendências.

As temperaturas durante períodos mais quentes da história da Terra - lá pelos idos de 3 milhões de anos atrás - quando os níveis do mar estavam dezenas de pés mais altos do que hoje - "eram cerca de apenas 3 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais", segundo Schmidt. Ele alerta que "estamos na metade do caminho para um aquecimento no nível do Plioceno em apenas 150 anos" (o Plioceno é o período entre 5 e 2 milhões de anos atrás).

O relatório do IPCC apresenta-se como um instrumento para servir de base à formulação de políticas de contenção do aumento da variação térmica, bem como de adaptação aos índices já instalados e previstos, sugerindo o envolvimento não apenas de setores governamentais, como também da sociedade como um todo.


9 evidências do aquecimento global


1. Elevação da temperatura

Elevação da temperatura
A temperatura média da superfície do planeta aumentou cerca de 1,14º C desde o final do período pré-industrial, em grande parte devido à emissão de dióxido de carbono e outros gases na atmosfera. A maior parte desse aquecimento se deu no decorrer das últimas quatro décadas.


2. Aquecimento dos oceanos:

Aquecimento dos oceanos
Os oceanos absorveram grande parte do aumento de calor. Sua porção superior de 100 metros apresenta um aquecimento maior do que 0,33º C desde 1969.


3. Derretimento das placas glaciais:

Derretimento das placas glaciais
As camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida diminuíram em massa. Dados do Gravity Recovery and Climate Experiment da NASA mostram que a Groenlândia perdeu uma média de 279 bilhões de toneladas de gelo por ano, entre 1993 e 2019, enquanto que a Antártida perdeu cerca de 148 bilhões de toneladas por ano. [Imagem: NASA's Global Climate Change]


4. Degelo nas montanhas:

Degelo nas montanhas
As capas glaciais de grandes montanhas estão desaparecendo em quase todo o mundo - incluindo nos Alpes, Himalaias, Andes, Rochosas, Alasca e África. A foto é do Monte Kilimanjaro.


5. Redução da cobertura de neve:

Redução da cobertura de neve
Observações de satélite revelam que a cobertura de neve típica da primavera no Hemisfério Norte diminuiu nas últimas cinco décadas. Além disso, a neve está derretendo mais cedo.


6. Elevação do nível dos oceanos:

Elevação do nível dos oceanos
O nível global do mar subiu cerca de 20 cm no século passado. Nas últimas duas décadas, a taxa de elevação quase dobrou e vem acelerando ligeiramente todos os anos. A foto é das Ilhas Maldivas, região vulnerável às invasões marítimas.


7. Gelo do Mar Ártico em declínio:

Gelo do Mar Ártico em declínio
Tanto a extensão como a espessura do gelo marinho ártico vêm diminuindo ao longo das últimas décadas. A foto mostra a região em 2012, quando se verificou sua maior redução.


8. Eventos extremos:

Eventos climáticos extremos
Desde 1950, observa-se um significativo aumento na frequência de eventos de altas temperaturas, enquanto diminuem os eventos de baixas temperaturas. Também se verifica um número crescente de chuvas exageradamente intensas.


9. Acidez dos oceanos:

Acidez dos oceanos
Desde o início da Revolução Industrial, a acidez na superfície dos oceanos aumentou aproximadamente 30%, como resultado da emissão de mais dióxido de carbono na atmosfera. O mar absorveu entre 20% e 30% do total das emissões nas últimas décadas (7,2 a 10,8 bilhões de toneladas métricas por ano).


★ Edição: Mauro Mauler - Artigo publicado em 20/01/2025.
★ Baseado em conteúdos traduzidos e adaptados de:


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